Independente de mudanças no Governo Federal, fato é que a crise econômica ainda produzirá marcas negativas nos balanços das empresas e no próprio PIB nacional. É sabido também que o agronegócio continua, períodos mais outros menos, sendo o principal aporte produtivo do país. Assim, garante vagas de trabalho no mercado executivo, sobretudo em Estados produtores de grãos, como Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Fazendo uma leitura dos processos seletivos conduzidos pelo Fesap Group de 2013 até o momento, tenho observado que grande parte dessas oportunidades é oriunda das áreas financeira, engenharia, RH, comercial e supply chain, que representaram 69% dos projetos voltados ao agronegócio neste período. Realidade essa que deve se manter no segundo semestre de 2016.

Esses índices têm um fundamento, principalmente se falarmos das posições de finanças e de engenharia, que responderam por 23% e 20% dos projetos, respectivamente. A chegada de novos grupos no mercado brasileiro gera contratações de CEOs, além da troca de comando em algumas companhias já presentes que passam por fusões ou aquisições. Essa expansão dos investimentos multinacionais, portanto, tem potencializado a relevância posições mais técnicas dentro das organizações, que são responsáveis por uma gerência exata do negócio.

Estamos falando de toda a cadeia agro, que vai desde a produção de sementes, maquinários, fertilizantes, colheita, beneficiamento, até a chegada ao consumidor final, envolvendo áreas-chaves como distribuição e armazenagem, varejo tradicional, atacado direto, varejo de massa, mercado de food service, etc.

Essa rede está cada vez mais interligada com a operação de outros países, seja pela presença das multinacionais ou pela destinação dos nossos produtos a outros continentes. Por isso, crescem as demandas por profissionais que tenham visão global do negócio, conhecimento específico do setor, domínio do inglês e que, ao mesmo tempo, tragam a simplicidade do campo na hora de se relacionar. Trabalhar essa equação tem sido um grande desafio.

Por outro lado, neste momento de mercado, temos observado muitos bons executivos disponíveis com interesse em atuar no agronegócio. Para áreas direcionadas ao backoffice, conseguimos agregar a vinda de profissionais que trazem expertises positivas de outros setores. Já quando tratamos de áreas ligadas ao campo, é essencial uma formação em agronomia, veterinária ou zootécnica, preferencialmente com um histórico de atuação no setor.

Em suma, contratar para o agronegócio é uma atividade desafiadora por natureza, pois apesar de ser um segmento promissor, muitas cadeiras estão estabelecidas fora do eixo Rio-São Paulo, como o interior do Centro-Oeste e Matopiba.

A maior resistência dos profissionais tem sido realmente a troca de suas metrópoles por cidades interioranas. Levar um executivo para outro centro quase nunca é uma questão individual, mas sim coletiva, pois envolve a mudança da família. Seguimos com o ditado “Happy wife, happy life”, e o inverso também é verdadeiro.