01/11/2010 - 0:00
Copa do Mundo e Olimpíada mexem com o mercado de grama e vão alavancar os lucros do setor
Apaisagem no sudeste paulista ganhou novos contornos. As terras férteis de suas planícies já não se dedicam apenas aos canaviais ou pastos, mas ao cultivo comercial de grama, negócio que começa a chamar a atenção dos produtores rurais.
Em 17 mil hectares de área dedicada ao cultivo de grama no Brasil, o maior polo de produção está em São Paulo, com sete mil hectares. “O setor imobiliário é responsável por este boom”, comenta Paulo Roberto Martins, diretor-comercial da Itograss, pioneira no segmento e maior produtora, com seis mil hectares distribuídos em 42 unidades de produção. “O esporte é outro segmento que abastece a gramicultura. Estamos otimistas. A tendência é o crescimento. O setor esportivo já responde por 30% do total de grama comercializada”, diz Emerson Rocha, sócio da LR Gramas, de Itapetininga (SP).
A Itograss trouxe dos Estados Unidos, em 1973, as técnicas de plantio e colheita, e deu início à comercialização. Responsável pela introdução da grama Esmeralda, a mais popular, a empresa desenvolveu o primeiro cultivo brasileiro. Batizada de Imperial, a grama foi lançada no início dos anos 2000 nos Estados Unidos e só passou a ser comercializada no Brasil em 2004 quando entrou em vigor a lei de cultivares. “A Imperatriz é a primeira variedade protegida pela lei de proteção de cultivares e pioneira a receber royalties do Exterior”, observa Mario Kaneshi, diretor de marketing da Itograss. Hoje, além dos EUA, a Imperatriz também marca presença na Austrália, África do Sul e México. Respondendo por 30% da grama vendida no Brasil, a empresa prevê fechar 2010 com 25 milhões de m2. “Em 2011 planejamos crescer 30% e chegar a 32 milhões de m2”, diz Martins.
“O cultivo de grama requer preparo de solo, adubação, fertilização, irrigação, controle de pragas e doenças. É uma planta que se colhe o ano inteiro”, comenta Osvaldo Numata, agrônomo que dá assistência técnica a vários produtores. Além de substituir o processo extrativo de gramas nativas, que causa sérios problemas ambientais, a grama cultivada sofre menos com o clima, e isso se reflete no custo-benefício: “Dificilmente o valor de venda é inferior ao custo de produção”, comenta Rocha. A LR Gramas iniciou a produção em 1990 em cinco hectares. Hoje, são 800 hectares. Com produção anual de 3 milhões de metros quadrados, a empresa criou a Doublé Roll, um padrão de placa diferenciada onde cada peça de um metro quadrado garante maior rendimento. Outro padrão de corte que vem conquistando o mercado, e é oferecido por várias empresas, é o Grand Roll que chega a ter 60 metros de comprimento, possibilitando o plantio de até 5 mil m2/dia em campos de futebol.
“O mercado imobiliário é o termômetro do setor; se ele
está aquecido, o de grama de cultivo também cresce”
Emerson Rocha
sócio da LR Gramas, de Itapetininga (SP)
A Agéo Agropecuária, de Belo Horizonte (MG) entrou no setor de gramas há três anos e tem 300 hectares num único espaço. A empresa está otimista com o momento, mas faz reservas: “O mercado de grama de cultivo é de apenas 10%, o restante vem de cultivos sem certificação, prejudicando quem investe em tecnologia e paga impostos”, desabafa Humberto Araújo, gerente comercial da empresa. O agrônomo Ernesto Henriques, da Green Grass, concorda: “O governo incentiva o uso da grama de extrativismo nas obras públicas em vez de apoiar o setor de cultivo. Queremos coibir o uso dessa grama ilegal, mas, para isso, precisamos nos unir e fortalecer nossas entidades representativas”, diz.
Variedade de gramas
A esmeralda é a mais popular; a japonesa, própria para jardins orientais
Imperial:
brasileira, é a mais usada para gramados de campos de futebol e golfe
Bermudas:
originária das Ilhas
Bermudas e da África é a
“top” das gramas
Santo Agostinho:
também é conhecida como grama inglesa. É indicada para jardins e piscinas
São Carlos:
também é brasileira. indicada para clima frio e áreas semissombreadas