O candidato do Republicanos ao Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta quarta-feira, 24, durante sabatina organizada pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), que vai acabar com a obrigatoriedade de os servidores estaduais tomarem vacina contra a covid-19.

“Essa questão, essa opção vacinal ou não é de cada um. Com certeza, vou acabar com a obrigatoriedade. Não tem que ter obrigatoriedade. Eu exerci a minha liberdade e tomei, mas ninguém tem que ser obrigado a tomar”, afirmou.

Afinado ao discurso adotado pelo presidente Jair Bolsonaro ao longo de toda a sabatina, Tarcísio de Freitas também se declarou contra a “saidinha de presos” e o aborto, criticou os manifestos a favor da democracia divulgados por universidades e entidades da sociedade civil – com mais de 1 milhão de assinaturas – e defendeu os empresários bolsonaristas que foram alvo de busca de apreensão pela Polícia Federal após declarações dadas, por WhatsApp, defenderem um golpe de Estado em caso de derrota do presidente nas urnas.

Defesa da democracia

Tarcísio foi questionado pelos entrevistadores se assinou os manifestos em defesa da democracia promovidos por universidades, como a USP, e entidades, como a Fiesp e Febraban. Em sua resposta, o candidato optou por atacar o PT e os candidatos do partido, de forma indireta, e afirmou ainda não ver sentido em tais iniciativas.

Controle da PM e ‘saidinha’

Questionado sobre sua posição a respeito do projeto defendido pela base bolsonarista que tira dos governadores o poder e o controle sobre o comando da Polícia Militar (PM), o candidato disse que a “polícia é uma competência do Estado”. Pela proposta, uma lista tríplice seria usada como forma de escolha dos comandantes-gerais da PM. Por meio dela, os comandantes ganhariam um mandato de dois anos e autonomia orçamentária para comandar as corporações, sem interferência, portanto, dos governadores.

O governo federal acompanha todos os passos da preparação do projeto, elaborado em consulta às associações, e também fez sugestões, por intermédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo Tarcísio, no entanto, Bolsonaro nunca tratou do tema com ele. “Nunca ouvi o presidente, aliás falando sobre isso”, desconversou.

O candidato aproveitou a pergunta sobre o controle da PM nos Estados para defender outro projeto de seus aliados no Congresso: o que altera as normas existentes para a saída temporária de presos, como em feriados. “Não tem que ter saidinha, preso tem de ficar na cadeia mesmo. O que vi o presidente falando é: respeite sua polícia, trate sua polícia como ela deve ser tratada.”

Vacina

Seguindo a linha adotada pelo presidente Jair Bolsonaro em relação à obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 no Brasil e no serviço público, Tarcísio de Freitas se declarou a favor da liberdade individual, repetindo o discurso negacionista que marcou a gestão Bolsonaro ao longo da pandemia.

“Por que vou obrigar uma pessoa a se vacinar? Acho que cada um tem de ter a liberdade para escolher”, disse. Questionado ainda, caso eleito, vai manter a política atual do governo do Estado que prevê que servidores públicos estejam vacinados, ele disse que não. “Essa questão, essa opção vacinal ou não é de cada um. Com certeza, vou acabar com a obrigatoriedade. Não tem que ter obrigatoriedade. Eu exerci a minha liberdade e tomei, mas ninguém tem que ser obrigado a tomar”, afirmou.

Ao ser confrontado sobre o risco de seu discurso, de negar a importância da vacina e assim ajudar na disseminação do vírus, Tarcísio ganhou aplausos da plateia que o acompanha na sabatina ao dizer que pegou covid-19 duas vezes: “Uma antes da vacina e outra, depois.”

Já sobre a vacinação para outras doenças, como a poliomielite – doença que havia sido erradicada no País e corre o risco de voltar pela baixa adesão à vacinação -, Tarcísio voltou a dizer que o caminho para melhorar os índices não é a obrigatoriedade, mas a realização de mais campanhas de vacinação para convencer os pais a vacinarem seus filhos.

“Entendo que a vacina da pólio e do sarampo fazem parte do plano nacional de imunização há muito tempo. Cabe ao Estado fomentar, incentivar, fazer as campanhas de vacinação, disponibilizar as vacinas, alertar para o risco que é não vacinar seus filhos. Vamos combater a poliomielite, vamos combater o sarampo, vamos combater todas as doenças que têm vacina disponível. Sempre houve liberdade de escolha e as mães sempre vacinaram seus filhos.”

Aborto legal

Questionado sobre sua posição sobre o aborto, à luz da saúde pública, por uma aluna da Faap, o candidato se declarou mais uma vez contra a prática. “É uma questão de fé, acredito na vida desde a concepção”, disse. Na sequência, afirmou aos jornalistas presentes que, se eleito, vai trabalhar para garantir que os hospitais estaduais cumpram a lei no que diz respeito aos casos de aborto legal.