O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa o setor de carne bovina, afirmaram nesta quarta-feira que ainda acreditam em negociações que possam livrar as exportações dos seus produtos das tarifas de 50% impostas pelo governo Donald Trump.

O governo de Trump anunciou nesta quarta-feira uma tarifa de 50% sobre vários produtos brasileiros para combater o que ele chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas suavizou o golpe para setores como aeronaves, petróleo e suco de laranja.

Ainda ameaçado pelas taxas, o setor exportador de café do Brasil defendeu em nota que o produto integre uma lista de exceções a tarifas dos Estados Unidos, acrescentando que o consumidor norte-americano poderá pagará preços mais altos pelo produto, caso isso não aconteça.

Uma negociação mais ampla poderia beneficiar também outros países produtores de café com a isenção de tarifas, já que os norte-americanos são os maiores consumidores globais e não produzem o grão.

O Cecafé afirmou que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, como a National Coffee Association (NCA), com o intuito de que o produto passe a integrar a lista de exceções elaborada pelo governo americano, posição que havia sido declarada anteriormente.

O conselho de exportadores de café destacou que 76% do povo norte-americano consome a bebida, enquanto a população gasta cerca de US$110 bilhões em café e itens relacionados ao ano. Do total importado pelos EUA, cerca de um terço do café vem do Brasil.

“Diante da relevância do café aos consumidores e à economia norte-americana, entendemos que se faz necessária a revisão da decisão de taxar os cafés do Brasil — ato que implicará elevação desmedida de preços e inflação, uma vez que esses tributos serão repassados à população americana no ato da compra…”, afirmou.

O presidente da Abiec, Roberto Perosa, cujo setor tem os EUA como segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil, afirmou que espera que as negociações deem resultados, já que as perdas são estimadas em US$1 bilhão, em caso contrário.

“Continuamos acreditando nas negociações, continuamos acreditando que o governo brasileiro está se esforçando nas negociações…”, afirmou ele a jornalistas em Brasília.

Ele destacou que não há nenhum outro mercado com a rentabilidade que o norte-americano proporciona para a carne brasileira.

Perosa disse ainda que a exportação aos EUA — que compra a carne brasileira basicamente para a produção de hambúrguer — vinha crescendo e também acredita em impacto inflacionário para o povo americano, caso a taxa persista, especialmente em momento em que a oferta de gado é restrita no país da América do Norte.