Os juros fecharam em alta nesta segunda-feira, 6, pressionados principalmente pela preocupação com o cenário fiscal em meio às incertezas sobre o pacote de combustíveis em discussão no Congresso, que já vinha trazendo cautela no fim da semana passada. O exterior também pesou, via rendimento dos Treasuries e aumento do dólar, com a taxa da T-Note de dez anos voltando a rodar acima de 3%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,445%, de 13,430% no ajuste de sexta-feira, 3, e a do DI para janeiro de 2024 avançou de 13,026% para 13,075%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,475%, de 12,435% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 12,395%, de 12,310%.

No caso dos vencimentos longos, mais sensíveis ao noticiário relativo às contas públicas, as taxas completaram a quarta sessão consecutiva de alta. Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, a indefinição sobre o projeto para reduzir preços administrados é o principal fator de pressão sobre a curva, que também tem sofrido mais do que os outros ativos. “A depender do que for definido, pode começar a pegar mais no câmbio também”, disse.

De acordo com ele, o prêmio de risco tem aumentado em função das frequentes mudanças na proposta, frente às resistências que o texto tem enfrentado no Senado, onde a influência dos governadores é mais forte. “Muda a toda hora e não se sabe mais o que está valendo”, disse.

O senador Fernando Bezerra (MDB-PE), relator do projeto de lei que estabelece um teto de 17% para o ICMS sobre os chamados bens essenciais, ainda negocia detalhes do texto. Para endossar a compensação da perda de receitas a Estados e municípios aprovada pela Câmara, o governo propôs que os entes regionais aceitem uma redução ainda maior da alíquota, ou até zero, temporariamente até o fim do ano. Para zerar o tributo, cálculos preliminares apontam necessidade de compensação de pelo menos R$ 22 bilhões, que é o limite que o governo topa bancar. Os governadores ficaram de apresentar uma contraproposta.

O presidente Jair Bolsonaro disse que espera que o ministro da Economia, Paulo Guedes, resolva a questão dos combustíveis na seara da tributação nos próximos dias e afirmou que sofre pressões para demiti-lo.

Já a questão do reajuste aos servidores parece ter subido no telhado. A reserva de R$ 1,7 bilhão no Orçamento para o aumento do funcionalismo será usada para abater o volume necessário de contingenciamento para cumprir o teto de gastos neste ano. E o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avisou aos sindicatos que representam os servidores do órgão que a categoria não terá reajuste, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, ao Broadcast. Faiad ainda acrescentou que entendeu que o “reajuste zero” seria para todos os servidores federais.

Das influências externas, prevaleceu a abertura da curva dos Treasuries, com a T-Note de dez anos marcando 3,08% no fim da tarde, em detrimento da queda dos preços do petróleo. Lima, da Western, afirma que os títulos americanos passam por um processo de correção à medida em que já não é mais tão claro um cenário de recessão nos EUA, especialmente após o relatório de emprego na sexta-feira.