Após uma manhã de troca de sinais, os juros futuros se firmaram em baixa e renovaram mínimas no fim da tarde desta quarta-feira, 11, com queda de mais de 20 pontos entre os contratos intermediários e longos. Esse movimento se deu em meio ao recuo do dólar e à declaração da ministra do Planejamento, Simone Tebet, de que tanto ela quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, serão “rigorosos sobre como gastar”. No exterior, as taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos também recuaram, com investidores à espera da divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em dezembro, que pode confirmar a tendência de arrefecimento da inflação nos EUA.

Apesar de promessa de novos atos golpistas, analistas consideram que não há risco de ruptura político-institucional ou paralisação do governo. Investidores trabalham em compasso de espera pelo anúncio de medidas econômicas por Haddad nesta semana, que devem abranger a volta dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol a partir de março. O ministro da Fazenda já prometeu redução do déficit de R$ 220 bilhões que consta no Orçamento deste ano, sobretudo com recomposição de receitas por meio do fim de subsídios e desonerações.

Entre os curtos, DI para janeiro de 2024 fechou a 13,525%, de 13,599% no ajuste de ontem. DI para janeiro de 2025 desceu de 12,691% para 12,53%, passando a apresentar queda em 2022. No miolo e na parte longa da curva, mais ligados à percepção de risco, a queima de prêmios foi maior. DI para janeiro de 2027 caiu de 12,502% para 12,265%, e DI para janeiro de 2029, de 12,605% para 12,34%.

“A curva de juros experimentou um alívio com redução do ruído político e de riscos fiscais, porque o governo parece mais alinhado e está se comunicando de forma melhor com o mercado”, afirma o especialista da Valor Investimentos Felipe Leão.

Nas mesas de operação comenta-se que parte da baixa expressiva das taxas locais nas últimas sessões se deve também a questões técnicas. Além de leilões pequenos do Tesouro Nacional, há uma onda de zeragem de posições de investidores locais, que haviam turbinado as taxas diante dos ruídos e sinais negativos do ponto de vista fiscal na primeira semana de governo, como o discurso de posse de Lula e falas de ministros.

“Se o ajuste fiscal do governo for crível, tende a ser gatilho para puxar os juros futuros curtos para uma faixa abaixo de 13% nos próximos dias. Na ponta longa, o movimento ainda favorece a queda”, afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, que vê sinais de aumento de entrada de recursos estrangeiros no mercado local.

Pela manhã, o IBGE informou que as vendas do comércio varejista caíram 0,6% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, pior que a mediana de Projeções Broadcast (-0,3%). Na comparação com novembro de 2021, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 1,5% em novembro, inferior a mediana das projeções (+2,00%).