A primeira parte da reunião de análise de conjuntura do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi encerrada às 11h46. A discussão havia sido iniciada às 10h06. A reunião de análise de conjuntura ainda continua à tarde hoje e amanhã pela manhã. Na quarta-feira, 7, à tarde, o presidente do BC e os diretores da instituições têm mais uma rodada de discussões para tomar a decisão sobre a taxa Selic, que será anunciada a partir de 18h30.

O diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso, não irá participar deste encontro do colegiado devido à morte de um familiar de primeiro grau.

O mercado financeiro espera que o Copom mantenha os juros básicos pela terceira vez seguida em 13,75% ao ano, taxa alcançada no encontro de agosto, no ciclo de aperto monetário mais longo da história do comitê.

Segundo pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, de 48 instituições financeiras consultadas, 46 esperam estabilidade da Selic em 13,75% e duas casas esperam elevação da taxa para 14%.

O ciclo da Selic voltou à discussão diante dos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode afetar a inflação futura devido ao estímulo ao consumo e também pelo canal de deterioração de ativos, como o dólar. Na curva de juros, há precificação de novos aumentos de juros, enquanto no Boletim Focus o mercado aposta majoritariamente, por enquanto, no adiamento dos cortes, com uma taxa terminal mais alta no fim do ano que vem.

Hoje, o Copom mira com igual peso os anos de 2023 e 2024 em sua estratégia de convergência de inflação à meta. Nas últimas semanas, a expectativa para o IPCA – índice oficial de inflação – de 2023 tem avançado em meio aos temores fiscais e alcançou 5,08% na Focus, já bem acima do teto da meta, de 4,75%. O BC já descumpriu seu mandato de controle de preços em 2021 e vai pelo mesmo caminho em 2022. Para 2024, a projeção tem sido mantida em 3,50%, superior ao alvo central de 3,00%, mas dentro do limite que vai até 4,50%.

Em outubro, última reunião do Copom, a autoridade monetária voltou a indicar a estabilidade da Selic em 13,75% por “período suficientemente prolongado”. Mas também manteve o alerta de que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, os juros podem voltar a subir.

Em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir. No questionário pré-Copom de dezembro, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024 e pediu estimativas para o juro neutro.