Empresa do grupo ítalo-argentino Techint, a Ternium Brasil vai investir cerca de R$ 100 milhões nos próximos dois anos para ampliar o uso de sucata na produção de aço de seu parque industrial em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. O projeto faz parte do plano da companhia de investir R$ 700 milhões até 2030 em melhorias operacionais para reduzir o impacto ambiental da usina.

O projeto prevê a ampliação do pátio de sucata existente em Santa Cruz, com a construção de um galpão e a instalação de pontes rolantes para otimizar o processo de separação e uso do material. Segundo a empresa, as obras foram iniciadas recentemente e a previsão é de serem concluídas em 2023. A expectativa é de ampliar em 80% o atual uso de sucata para a produção de aço.

O uso da sucata incorpora o ferro metálico ao processo industrial, substituindo parte do consumo de minério, explica Marcelo Chara, CEO da Ternium Brasil. O processo se tornaria mais eficiente e permitiria a redução das emissões de CO2. A empresa anunciou no início do ano que pretende, globalmente, reduzir em 20% suas emissões até 2030.

A sucata tem diferentes origens, como tubulações, vigas e perfis metálicos descartados, além de bens como automóveis e eletrodomésticos. “O aço tem alta taxa de reciclabilidade, gera economia circular”, disse Chara, engenheiro argentino que assumiu a empresa em 2017, após o grupo Ternium adquirir 100% da siderúrgica da alemã Thyssenkrupp.

Capacidade

A Ternium Brasil produz hoje quase 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano, próximo ao limite da capacidade. No início da pandemia, durante três meses, a produção chegou a recuar 30%. A maior parte da produção é exportada para EUA, México e Europa a partir de um porto privativo em Santa Cruz. A empresa tem ainda uma usina termoelétrica de 490 megawatts de potência.

Chara evitou associar o projeto de sucata a uma otimização de custos na usina, após o preço do minério de ferro oscilar de US$ 80 para US$ 237 a tonelada de março de 2020 a maio deste ano. Hoje, a commodity é negociada perto de US$ 110 a tonelada no mercado internacional. Sobre o preço do minério, disse que “2022 deveria ser um ano de normalização de demandas, com um mercado mais equilibrado”.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, disse que o aumento do preço do carvão tem pressionado o custo das siderúrgicas, o que foi parcialmente compensando pela queda recente do preço do minério de ferro. “Temos visto as companhias darem valor maior para a sucata com a questão de custo e também de agenda ambiental”, disse o analista da Ativa Investimentos.

Arbetman disse que espera ver preços do minério de ferro de US$ 100 a US$ 120 a tonelada em 2022, valor intermediário entre o pré-pandemia e o pico deste ano. Sobre a produção de aço, ele afirma que o menor ritmo de produção da China abre espaço nas cadeias globais para siderúrgicas brasileiras que operam com custo de operação mais baixo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.