As famílias brasileiras ainda não tinham recuperado em 2022 o patamar de renda anterior à pandemia de covid-19. A despeito do reforço de programas de transferência de renda em ano eleitoral e do aumento no número de pessoas trabalhando, a massa de renda domiciliar per capita permanecia quase R$ 10 bilhões aquém do patamar obtido em 2019, mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2022 – Rendimento de todas as fontes, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 11.

A massa de rendimento mensal real domiciliar per capita – soma de toda a remuneração das famílias, do trabalho, de fontes formais e informais, incluindo apoios pagos pelo governo, como bolsas e aposentadoria – totalizou R$ 339,581 bilhões em 2022, R$ 9,698 bilhões a menos que os R$ 349,279 bilhões registrados em 2019.

No entanto, houve um avanço de 7,7% em relação aos R$ 315,407 bilhões registrados em 2021, uma injeção de recursos de R$ 24,174 bilhões em apenas um ano. Todas as Grandes Regiões apresentaram aumento na massa de rendimento domiciliar per capita em 2022 em relação a 2021, com destaque para o Norte, onde a massa subiu 18,0%.

A Região Sudeste deteve mais da metade da massa de rendimento do País, R$ 170,5 bilhões (50,2% do total). A do Sul foi de R$ 58,9 bilhões; Nordeste, R$ 58,4 bilhões; Norte, R$ 20,6 bilhões; e Centro-Oeste, R$ 31,1 bilhões.

Os 10% da população brasileira com menores rendimentos detinham somente 1,0% da massa de renda em circulação entre as famílias, enquanto os 10% mais ricos concentravam 40,7% dessa riqueza. O grupo de 10% mais ricos concentrava uma massa de renda quase equivalente a todo o rendimento auferido pelos 80% mais pobres ( que detinham juntos somente 43,4% de toda a massa de renda das famílias brasileiras).

Origem da renda

O rendimento obtido de todos os trabalhos respondia por 74,5% do rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2022. Os demais 25,5% eram provenientes de outras fontes, que se dividiam em rendimentos de aposentadoria e pensão (18,1%), aluguel e arrendamento (1,9%), pensão alimentícia, doação e mesada de não morador (0,9%) e outros rendimentos, categoria que inclui os programas de transferência de renda (4,6%).

A proporção de habitantes com rendimento subiu de 59,8% em 2021 para 62,6% em 2022, maior proporção da série histórica iniciada em 2012. O rendimento médio real de todas as fontes – de quem recebia algum tipo de renda – cresceu 2,0% ante 2021, para R$ 2.533: o rendimento de todos os trabalhos caiu 2,1%, para R$ 2.659, mas o rendimento de outras fontes cresceu 12,1%, para R$ 1.657.

Dentro da renda de outras fontes, a categoria que inclui os programas de transferência de renda alcançou valor recorde de R$ 814 em 2022, após um piso histórico de R$ 562 em 2021, o que significa um salto de 44,8% no valor médio obtido em ano eleitoral.