26/07/2022 - 12:33
Um relatório elaborado pelo governo ucraniano inseriu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma lista de “oradores que promovem narrativas consoantes com a propaganda russa”.
O material elaborado pelo centro de combate à desinformação do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia acusa o petista de acreditar que a Rússia deve liderar uma “nova ordem mundial” e que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, também seria responsável pela guerra.
A lista do governo ucraniano contém 75 nomes e tem variado em quantidade a cada dia. Ela inclui personalidades de diversos países, com maioria de americanos, a exemplo do jornalista Glenn Greenwald, também citado como “disseminador de propaganda russa”. A informação sobre a inclusão do petista foi revelada pelo jornal Folha de São Paulo.
Em entrevista à revista Time em maio deste ano, Lula de fato ressaltou o papel de Zelenski na guerra. “Esse cara (Zelenski) é tão responsável quanto o (presidente russo Vladimir) Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado”, disse o ex-presidente. “(…) o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo”, completou. Na ocasião, o petista também culpou a União Europeia e os Estados Unidos pelo conflito.
A assessoria do ex-presidente afirmou que a frase foi “completamente descontextualizada” no relatório ucraniano e que outra afirmação, sobre a defesa de uma nova ordem mundial sob comando russo, nunca foi dita por Lula.
Desde então, o petista tem feito duras críticas à guerra e defendeu a diplomacia na resolução do caso. Em suas gestões no governo federal, o Lula participou ativamente de negociações com os países emergentes que compõem o BRICS, entre eles, a Rússia, mas a perspectiva da diplomacia brasileira tinha foco maior na multipolarização de poder entre estes países, criando plataformas de crescimento para potências médias em contraponto à hegemonia americana.
Reportagem do Estadão de 2009 mostrou o interesse do governo brasileiro de colocar, por exemplo, o BRICS e o G-20 financeiro no centro das decisões.