Howard Buffett “Não é possível pensar em preservação do meio ambiente na África antes que as pessoas tenham, ao menos, o que comer”

O sujeito na foto ao lado não é o que pode se chamar de um agricultor comum, embora seja um modesto produtor de soja e milho no Meio-Oeste americano. Seu nome, Howard, como tantos outros nos Estados Unidos, poderia passar despercebido enquanto dirige seu trator por entre suas bem cuidadas lavouras. Howard, contudo, deixa de ser um simples cidadão quando entra em cena sua história familiar. Ele é o “filho do meio” do lendário investidor Warren Buffett, considerado o segundo homem mais rico do mundo. Com 55 anos de idade, dos quais 23 dedicados às férteis terras de Illinois, onde se estabeleceu ainda jovem, sua vida mudou em 2006, quando recebeu um presente de seu generoso pai: US$ 1 bilhão para fazer o que bem entendesse. À época, dono de uma fortuna superior a US$ 40 bilhões, o Buffett “pai” deu a seguinte declaração acerca do que faria com a fortuna que acumulara: “Deixarei para os meus filhos o suficiente para que façam o que bem entenderem, mas não tanto assim, senão eles acabam por não fazer coisa nenhuma.” E assim foi feito. Com a sua parte do quinhão, Howard decidiu que a filantropia, antigo costume em sua família, era o melhor a ser feito e abraçou a agricultura.

Agricultor engajado nas causas rurais, Howard ficou conhecido não só pelo seu jeito despretensioso, mas também pelo seu passatempo preferido: combater a fome na África por meio do incentivo à agricultura. Dono de uma fundação que carrega o seu nome, ele tem gastado uma média de US$ 38 milhões ao ano no desenvolvimento de pesquisas e em campanhas que visam melhorar a condição de vida de populações localizadas principalmente em Gana, no coração do continente africano.

Entre os trabalhos da Howard Graham Buffett Foundation está a pesquisa para o combate de doenças de uma espécie de batata-doce muito comum naquele continente. Buffett, pessoalmente, tem participado de ações para incentivar caçadores a migrarem para a agricultura e, com isso, deixarem a fauna africana em paz. O bilionário agricultor também tem disponibilizado linhas de microcrédito para a agricultura familiar, principalmente para terem acesso a tecnologias modernas, como sementes de milho transgênicas tolerantes à seca.

A vida de Buffett, porém, não está apenas na filantropia e, por causa de sua atuação entre produtores de milho, se tornou presidente de uma agência para o fomento de usinas de etanol em Nebraska. Em razão de sua atuação, foi convidado a ser vice-presidente da Archer-Daniels Midland Co., a gigante mundial ADM, onde trabalhou por mais de dez anos, abandonando o cargo em 1995.

A decisão de fomentar a agricultura na África aconteceu durante uma expedição em que o bilionário herdeiro de Warren Buffett fotografava a migração de zebras e guinus, no ano de 2000. Ao tentar posicionar sua câmera, ele notou o que mais tarde chamou de “cicatrizes na terra”, ou seja, pequenas marcas deixadas pelo fogo ateado por populações locais que precisavam limpar as pobres savanas. “Naquele momento percebi que não poderia proteger a África sem antes combater a fome”, declarou. “Quem não tem o que comer não pode se preocupar em preservar”, justifica.