Mihailov: aposta nos benefícios da Virgiamicina para ganhar mais espaço no mercado brasileiro de bovinos

No início de 2010, o executivo Stefan Mihailov aceitou um novo desafio profissional. Assumiu a vice-presidência da Phibro Animal Health para a América Latina. A empresa é subsidiária do grupo norte-americano Philipp Brothers Chemicals Inc., um dos maiores do mundo na produção de aditivos para nutrição animal, com cerca de 30% do mercado brasileiro. Logo ao desembarcar na empresa, Mihailov definiu o objetivo que deverá norteá-la nos próximos anos: ampliar a participação de mercado nos produtos voltados para a bovinocultura. Atualmente, o setor responde por 15% do faturamento do grupo no País, enquanto o mercado de aves representa 75% e o de suínos, 10%.

“Queremos que os bovinos respondam pela metade do nosso faturamento em três anos”, afirma Mihailov. Em 2010, a receita da divisão global de saúde animal da companhia ficou em torno de R$ 850 milhões. Só as unidades de Guarulhos e Bragança Paulista (SP) movimentaram R$ 160 milhões, o que responde por quase 20% do faturamento total da Phibro nessa área. “Nosso principal desafio no Brasil foi analisar perspectivas de mercado e as oportunidades”, diz Mihailov. “Os resultados têm sido positivos.”

Para fazer com que a participação no mercado de bovinos ganhe peso nos próximos anos, a Phibro aposta suas fichas nos produtos melhoradores de performance. A queridinha da fabricante multinacional é uma substância produzida unicamente nas unidades do Brasil, que atende pelo nome de Virgiamicina. Trata-se de uma molécula que ajuda a melhorar o funcionamento intestinal, combatendo as bactérias alojadas no órgão que impedem a absorção de nutrientes pelo animal. Com a maior absorção, o bovino tem maior ganho de peso, em menor tempo, o que significa redução na idade de abate. “Esse ganho no peso varia entre 20% e 40%, se comparado com os animais que não ingerem a substância”, diz Mihailov. Em resultados concretos, isso representa entre 100 e 110 gramas de ganhos diários em animais criados no pasto.

Referência: a unidade de Guarulhos é a única do grupo a produzir a molécula

 

Comprovar os rendimentos da Virgiamicina no campo também é um desafio para Mihailov. Moléculas similares também são desenvolvidas pelas concorrentes, como Pfizer e Ourofino. Assim, a Phybro firmou, em março deste ano, uma parceria com a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta). Serão quatro anos de pesquisas, com início em junho, sobre os benefícios da substância para animais criados no pasto e em confinamento. “Vamos testar os rendimentos em todas as condições possíveis, desde os animais desmamados, até o abate”, diz Flávio Dutra de Resende, diretor técnico da Apta na região da Alta Mogiana e coordenador do estudo. A parceria também envolve treinamento de técnicos da empresa e dos clientes, dando orientações sobre o melhor aproveitamento do produto.

Em pouco tempo, a estratégia mostrou seus resultados. Os benefícios da Virgiamicina conquistaram clientes como a Sadia, Marfrig, JBS, Seara, Aurora e Perdigão e fabricantes de rações, como DSM, MCassab e Nutron. Apenas no primeiro semestre de 2011 (que na Phibro, se encerrou em dezembro de 2010, para obedecer ao calendário do ano fiscal da companhia nos Estados Unidos), a empresa registrou crescimento de 41% no Brasil. Com isso, os investimentos em estrutura e pesquisa continuam. De 2009 até o início do primeiro semestre de 2011, foram aplicados R$ 10,4 milhões nas unidades brasileiras. “Estão previstos mais R$ 2,7 milhões para o segundo semestre”, afirma Fábio Luiz de Oliveira, diretor financeiro para a América Latina.

Paralelamente ao setor de nutrição animal, a Phibro também opera no mercado de etanol. A mesma Virgiamicina que gera ganhos na pecuária, em outra formulação produz o Lactrol, que proporciona um aumento de produtividade da cana. A substância já é usada nos canaviais dos Estados Unidos, chegou ao Brasil há três anos. “O efeito é parecido com o do gado”, diz Gustavo Guedes, gerente de vendas da Phibro. “A molécula entra no processo de fermentação, controlando as bactérias contaminantes, aumentando o rendimento.” No Brasil, o produto já é utilizado por grupos como Cosan e Guarani, por exemplo. “Queremos passar dos atuais 15% de participação de mercado, para 25% em dois anos, trabalhando na divulgação desses produtos e nos posicionando como fornecedor de soluções econômicas, ecológicas e rentáveis”, diz Mihailov.