Particular: promovido por um produtor, o evento não está ligado a nenhuma entidade de classe

Transformar pequenos acontecimentos em lucrativos eventos é a obsessão do empresário Jorge Maluf – dono da Via Funchal, uma das mais tradicionais casas de shows da capital paulista. Longe dos flashes da noite paulistana, é em sua propriedade, a Fazenda São Paulo, localizada em Itapeva (SP), que ele faz o seu mais novo espetáculo: uma feira agropecuária privada chamada Agrovia. Segundo o que apurou DINHEIRO RURAL, a Agrovia é o único evento do gênero no País que não está ligado a uma associação de classe ou cooperativa.

E mesmo assim os resultados são bastante satisfatórios. A Agrovia é uma espécie de miniAgrishow, que acontece numa área de 14,5 hectares e alcança um faturamento de R$ 45 milhões, num ambiente em que Maluf decidiu ser o dono da própria festa.

Crescer: Maluf acredita que há espaço para pequenas mostras regionais

Em linhas gerais, a Agrovia possui 38,8% da área da Agrishow, com um faturamento que chega a 6,61% do total arrecadado em Ribeirão Preto, levando em consideração os números de 2009. “Nada mal para um evento de dois anos e privado”, brinca Maluf. Assim, a feira se tornou uma parte importante dos negócios da Fazenda São Paulo, cujo faturamento em 2009 chegou aos R$ 10 milhões, fora a feira.

Em 2010, seu lucro deve ser ainda mais polpudo, já que a Agrovia ganhou musculatura diante da falta de opções naquela região. “Não havia eventos semelhantes e, sim, modestos dias de campo realizados pelas empresas instaladas na região”, diz Maluf. Assim, ele decidiu juntar tudo em um único evento de três dias, tendo apoio das fábricas e dos produtores rurais das 60 cidades do entorno.

Para começar, Maluf já saiu no lucro por não desembolsar uma dinheirama para pagar o aluguel de um recinto de exposições, que pode chegar a R$ 400 mil, como acontece com a empresa que realiza a FeiCana/FeiBio, Araçatuba (SP). Também não precisou montar uma equipe de marketing para a divulgação, já que a Via Funchal possui um bem estruturado time.

“O mercado estava aberto para isso e eu tive uma aceitação muito boa. Reunimos aqueles eventos picados em um grande acontecimento, no qual os produtores podem obter informações técnicas e as empresas podem mostrar as novidades a eles. O retorno foi tão positivo que superou nossas expectativas iniciais e está ampliando os objetivos futuros”, avalia.

Com ares de feira profissional, embora o recinto seja de terra batida, de um ano para o outro o evento cresceu. Os expositores passaram de 100 para 150. A área cresceu 50%, e o faturamento na geração de negócios aumentou 20%. Neste ano, também elevou-se a participação dos segmentos da pecuária, com exposição de gado nelore e santa gertrudis, ovinos e equinos.

A programação técnica do evento ganhou o peso de nomes do Sebrae, da Cati e Secretaria de Agricultura e Abastecimento e a adesão de sindicatos rurais regionais. “Esta feira está trazendo benefícios a todas as cadeias produtivas e segmentos ligados ao setor. Para nós, assim como para todos os que estão aqui, é uma excelente oportunidade para demonstrar produtos, serviços e trocar conhecimento”, afirma José Luiz Fontes, coordenador da Cati.

A Agrovia vem ganhando importância comercial de feira grande, apesar de ser recém-nascida, com presença da Monsanto, Massey Fergusson, Volkswagen Caminhões, entre outros, devido à relevância econômica da região sudoeste. Não há ainda como compará-la com a Agrishow, por exemplo, mas não é de se duvidar que Maluf chegue bem perto disso.

Com o salto que deu de um ano para o outro, ele admite que está deixando a modéstia de lado para galgar passos mais largos a partir de 2011. “Quero dobrar a área da feira, trazer as matrizes das empresas regionais que estão aqui e ampliar a participação de pelo menos quatro segmentos do agronegócio que ainda é muito modesta.” Esses segmentos, todos com grande importância econômica na região, são os de madeira, frutas e verduras, orgânicos e pecuária. “A pecuária do sudoeste estava estagnada e vem apresentando um ressurgimento importante. É uma vocação natural da região”, diz Maluf.