Não dá barato: leite de maconha oferece o triplo de ômega 3 quando comparado ao leite de soja

Na região de British Columbia, no oeste do Canadá, o agricultor Sam Mellace acompanha o desenvolvimento da sua lavoura de maconha. Desde 2002, ele cultiva a Cannabis sativa, nome científico da planta que é proibida na maior parte do mundo, mas que, no Canadá, tem uso permitido para fins medicinais e movimenta uma indústria de U$ 20 bilhões ao ano. “Eu escolhi cultivá-la por sua habilidade em aliviar a dor física das pessoas”, disse Mellace à DINHEIRO RURAL.

Alguns estudos comprovam a eficácia da planta na diminuição da dor causada por doenças crônicas. Hoje, em seis mil metros quadrados Mellace cultiva 300 pés de maconha, volume máximo autorizado pela legislação canadense, em vigor desde 1998. Cada pé produz em média quatro quilos de broto, que, transformados em “farinha”, rendem até US$ 8 mil por pé, totalizando algo em torno de US$ 2,5 milhões por safra.

Além de produtor, Mellace é diretor de operações da New Age Medical Solutions, empresa especializada em desenvolver produtos à base de marijuana. Ele conta que criou uma bebida que auxilia na redução de náuseas pós-quimioterapia em pacientes. Em fase de testes está um creme para pessoas com artrite. “É só passar o produto e em poucos minutos a dor vai embora.” Tudo produzido a partir das sementes e brotos da planta. Quem também investe nesse segmento é a norteamericana Living Harvest, que no ano passado lançou o Hemp Milk, ou leite de maconha. Erika Bruhn, diretora de marketing da empresa, explica que esses produtos são mais saudáveis e oferecem o triplo de ômega 3, se comparados à soja. “Além disso, seu cultivo não necessita de agrotóxicos.”

Desde que o plantio da cannabis foi legalizado no Canadá, o governo autorizou pacientes a cultivar a planta. Segundo dados do Departamento de Saúde do país, em 2009, 2.841 pessoas tinham permissão para cultivar uma variedade que tem menos de 0,3% do tetrahidrocanabinol (THC), substância alucinógena. Mellace espera que no futuro outros países aceitem o uso medicinal da planta e já planeja: “Queremos fornecer nossos produtos para o mercado mundial.”