10/07/2025 - 19:00
O urucum está no pico da colheita nas principais regiões do país onde a planta é cultivada. A planta que vem despontando como fonte de renda complementar para produtores rurais tem o estado de São Paulo como seu principal produtor, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA).
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O Brasil é o maior produtor global do urucum, que dá origem ao colorau, aos corantes naturais e a uma série de cosméticos. Segundo dados do IBGE, em 2023, foram mais de 13 mil toneladas produzidas, com um valor bruto de produção estimado em R$ 162 mil.
A cultura do urucum apresenta baixo custo com uma alta rentabilidade. O urucuzeiro, uma árvore de pequeno porte, se adapta bem em diversas condições climáticas brasileiras, tornando-se uma opção atraente para agricultores em diferentes regiões do país.
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No Brasil, o principal destino do urucum produzido está nas indústrias de corantes, para utilização do pigmento bixina, presente no fruto.
Historicamente, o urucum tem forte papel na cultura indígena, sendo utilizado em rituais, como pintura corporal e na medicina tradicional.
À Dinheiro Rural, Renan Khisêtjê, do povo indígena Wawi no Mato Grosso, conta que a semente tem uma série de utilidades para sua comunidade, dentre elas, a proteção da pele contra o sol.
“Cada povo indígena tem sua cultura e seus conhecimentos tradicionais e podem utilizar de uma maneira diferente. Nós não usamos na alimentação, usamos sobretudo na pintura corporal. Utilizamos em festas e celebrações. Além disso, passamos o pigmento do urucum na pele, como uma proteção contra o sol”, explica.

Renan expliuca que para extrair o pigmento é necessário remover a casca e separar as sementes, que posteriormente serão lavadas em uma esteira com água. A tinta líquida então é levada ao fogo onde é cozida por horas até virar uma massa que deve ir ao sol para secar e endurecer. Mas ele aponta que por conta das mudanças climáticas,o cultivo do urucum também está mudando.
“O clima vem prejudicando nossas plantações. A gente é acostumado a plantar com o ciclo do clima e ele não é mais regular. O urucum é muito importante para nossa história”, disse Renan Khisêtjê.
Consumo do colorau
Segundo levantamento do IBGE, a região Nordeste é a que apresenta o maior consumo de colorau, ou colorífico, com uma quantidade aproximada de 9.200 toneladas por ano. Isso representa mais de 60% do consumo nacional e um consumo anual per capita de 165 gramas.

O preparo do colorau consiste em dessecar (secar) e triturar as sementes do urucum e depois misturá-las com fubá ou farinha de mandioca, podendo, ou não, ter a adição de óleo comestível e de sal.
Mão de obra na produção é desafio
Como necessita muitos processos manuais, a produção do urucum passa por um momento de dificuldade na mão de obra. É o que conta, Antônio Castanha, produtor da planta em uma das principais regiões para o cultivo no país, Presidente Prudente (SP). De acordo com ele, a mão de obra tem ficado cada vez mais escassa.
“O que mais tem dificultado nosso trabalho é a mão de obra que tem diminuído e ficando mais cara. Geralmente, quem ainda tem essa produção já tem um conhecimento muito grande porque está há muito tempo nela. A pessoa pega um gosto pela cultura”, explica.
Apesar das instabilidades, Antônio contou que tem três culturas diferentes em suas fazendas: urucum, manga e seringueira, das três a mais rentável, o urucum, sendo conta.
*Estagiário sob supervisão