Programa agrícola: em 14 anos, a PepsiCo investiu R$ 320 milhões em projeto para melhorar a produção de seus fornecedores

Mandar plantar batatas é uma expressão popular usada para dizer a alguém que vá encher a paciência de outra pessoa. Mas, para 17 produtores do vegetal espalhados pelos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás, plantar batatas é sinônimo de encher os pacotes de salgadinhos Ruffles, Sensações e de batata-palha da marca Elma Chips, fabricada pela Frito-Lay no Brasil, subsidiária da multinacional de origem americana, PepsiCo. Além de encher os bolsos, já que a rentabilidade dos produtores é resguardada por meio de contrato de comercialização com a empresa. Marcelo Balerini, produtor de batata em Serra do Salitre (MG), que fornece 50% de sua produção de 45 mil toneladas para a PepsiCo, que o diga. “Depois do contrato assinado com a Pepsico, melhorei minha produção e as perdas praticamente zeraram”, afirma Balerini.”Em 2010, a batata que cultivei não sofreu nenhuma rejeição quando chegou à fábrica.” Antes de se tornar um fornecedor da PepsiCo era difícil para ele manter uma colheita escalonada. Com a inserção de mais tecnologia e de variedades melhoradas a cultura ganhou mais produtividade.

No ano passado, Balerini teve uma receita bruta de pelo menos R$ 15,75 milhões. O pagamento pela saca de 50 kg foi de R$ 35. A matéria- prima que sai das lavouras é a batata tipo atlantic, de origem americana, utilizada na produção dos mais de 25 milhões de pacotes de Ruffles que são vendidos por mês no Brasil, além das batatinhas- palha e Sensações, com sabores como frango e cebola. A Ruffles foi criada em 1958 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 1986. “No mercado de snacks, ela é a preferência nacional e a marca que gera o maior volume de vendas em nossa divisão de alimentos”, afirma Newton Yorinori, diretor de agronegócios da PepsiCo. Atualmente, a empresa, que teve um faturamento global de R$ 114 bilhões em 2010, adquire 5% da produção brasileira de batata, de 2,5 milhões de toneladas. “O Brasil é o nosso quarto maior mercado, precedido pelos Estados Unidos, México e Reino Unido”, diz Yorinori.

Segundo o bataticultor, até chegar ao cultivo de 1,2 mil hectares com um produto que atende às exigências de qualidade da indústria, foi necessário passar por um processo de melhoria e acompanhamento da lavoura. Esse processo começou em 1997, quando a PepsiCo lançou o Programa Agrícola, uma espécie de extensão rural para ajudar os produtores na gestão do negócio. O objetivo é garantir condições mínimas de compra, oferecendo em troca a transferência de tecnologias. Ao longo de 14 anos, a fabricante de alimentos investiu R$ 320 milhões no projeto. Balerini diz que o programa foi um incentivo importante, uma mudança para melhor para ele, que fornecia batata à multinacional desde 1992. “Com o programa, passei a contar com o apoio de engenheiros agrônomos e a logística também melhorou”, afirma. “É a PepsiCo a responsável pela retirada semanal das batatas que cultivo.”

“Compramos R$ 200 milhões em matéria-prima agrícola para abastecer nossas fábricas”Newton Yorinori, diretor de agronegócio da PepsiCo

Segundo o diretor Yorinori, para o processo de fabricação, o tamanho, a consistência e a coloração das batatas são fundamentais para garantir que os produtos da marca não tenham diferença de sabor e textura de um saquinho para o outro. “Dentro do sistema just in time, o tempo que leva da colheita até o salgadinho ser ensacado, são 24 horas”, diz Yorinori. “O processo de colheita é o mais delicado, porque o produto não pode apresentar ‘hematomas’ ou ‘machucados’.” Caso isso ocorra, o defeito fica visível na hora em que a batata é frita.

De 1997 para cá, a produtividade da batata nas fazendas integradas ao programa da PepsiCo também mudou de escala. Segundo Yorinori, no início da extensão rural patrocinada pela companhia, a cultura rendia 18 toneladas por hectare. Agora, a média da produção é de 30 toneladas por hectare. “Compramos cerca de R$ 200 milhões em matéria-prima agrícola para abastecer nossas fábricas no Brasil”, diz Yorinori. Por esse valor, os produtores entregam à PepsiCo 130 mil toneladas de batata por ano e 25 mil toneladas de aveia e de girassol. Essas duas culturas são produzidas em 32 propriedades no Paraná e no Rio Grande do Sul. A aveia serve à fabricação da linha Quaker, como aveia em flocos, cookies e barras de cereais. Do girassol é extraído o óleo utilizado para aromatizar os salgadinhos Cheetos e Fandangos, além de fritar as batatas.