21/12/2012 - 16:39
A dupla mais tradicional do cardápio do brasileiro, o feijão com arroz, corre o risco de virar um item de luxo. Nesta safra, esses produtos estão chegando 30% mais caros à mesa do consumidor. E, a explicação para isso, está nas lavouras onde a dupla de grãos não está com essa bola toda, pelo menos até agora. Embora seus preços venham pesando no bolso do consumidor, eles ainda não conseguem superar as cotações de outras culturas, especialmente as do milho e da soja, na remuneração paga aos agricultores e acabam sendo preteridos na hora da decisão de plantio. De acordo com Eduardo Aquiles, analista da consultoria Safras & Mercado, de Porto Alegre, especializada em agroeconomia, no caso do arroz, os preços pagos aos produtores começaram a perder força na safra 2010/2011, quando o Brasil e o Mercosul colheram uma safra recorde de 17,4 milhões de toneladas do cereal. “O excesso de oferta fez com que os preços recuassem no ano passado”, diz Aquiles. “Em contrapartida, outras commodities, como a soja e o milho valorizaram-se, fazendo com que alguns agricultores migrassem para essas culturas.”
Foi o que fizeram, os rizicultores das áreas de várzea, nas regiões Norte e Nordeste, e os de Minas Gerais, no Sudeste. Tanto que na safra 2011/2012 a produção nacional e a do Mercosul registraram uma queda em torno de 15%. “ A consequência foi a alta nos preços ao consumidor”, diz Aquiles. Segundo ele, esse cenário deve se repetir na temporada 2012/2013, na previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar do plantio em ritmo acelerado, nos dois principais Estados produtores, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que juntos respondem por aproximadamente 45% da área total cultivada de arroz e algo em torno de 70% da safra nacional, a produção deverá ficar entre 11,5 milhões e 11,7 milhões de toneladas. Trata-se de uma leve queda em relação ao colhido em 2011, fruto da diminuição de 3,3% da das lavouras, que deverá ocupar 2,34 milhões de hectares. Nos demais Estados produtores da região Centro- Oeste e em Minas Gerais, a diminuição da intenção de plantio, em função da migração para outros grãos, continua.
A história se repete com o feijão. Na competição com o milho e a soja, quem saiu perdendo foi a leguminosa. Logo na primeira safra do ano, que ainda está sendo colhida, a queda em área cultivada, pode chegar a 8%, se comparada à safra anterior. Isso pode representar um plantio em apenas 1,14 milhão de hectares. “Com exceção de Minas Gerais, todos os principais Estados produtores indicam plantios menores”, diz Régis Becker, analista da Safras & Mercado. No Paraná, o maior produtor de feijão do Brasil, a queda poderá ser ainda mais dramática, com a redução de área podendo atingir 15%, com o cultivo em 211,4 mil hectares. O Estado que espera produzir 348 mil toneladas de feijão em 2012, já prevê uma redução de quase 4% na colheita em 2013. “O produtor vai aonde o preço está”, afirma Becker.