Um silo de armazenamento de grãos às margens da BR-116, próximo ao município de Arroio Grande no Rio Grande do Sul está pegando fogo desde a última sexta-feira, 11. Corpo de Bombeiros segue trabalhando para conter as chamas. Não há informação de vítimas.

Nesta segunda-feira, 14, a istoÉ Dinheiro Rural entrou em contato com os bombeiros de Arroio Grande que informaram que no momento, os esforços ainda estão concentrados na retirada da soja do silo, sem previsão para o cessar das chamas.

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O especialista Raphael Yuri Quintel Diniz, que é Coordenador global de produtos para atmosferas explosivas na Schmersal Brasil, explicou que silos são locais com diferentes perigos associados, e todos eles com risco elevado. Ele conta que são espaços confinados com perigo de soterramento, além de serem locais que se categorizam trabalho em altura.

Silos são categorizados como locais com a maior probabilidade de encontrarmos atmosferas explosivas por poeiras, o que torna o ambiente perigoso ao entrar em contato com possíveis faíscas de equipamentos. Segundo Diniz, é provável que algum equipamento elétrico ou mecânico tenha sido a fonte de ignição que deu origem ao incidente em Arroio Grande.

“O que ocorre em casos como este, é que os  equipamentos elétricos e mecânicos sempre devem ser avaliados e adequados para trabalhar nessas condições. A fonte de ignição pode ter sido algum sensor ou instrumento, falha no aterramento da instalação ou equipamentos mecânicos como rolamentos superaquecidos ou faíscas”, diz. 

Silo em Arroio grande (Corpor de bombeiros/Divulgação)

“Infelizmente no Brasil não temos os dados sobre a quantidade de incêndios e explosões que ocorrem anualmente, mas nos EUA temos uma chamada Dust Safety Science que coleta dados e divulga informações sobre acidentes com poeiras explosivas. Em geral, os equipamentos com maior perigo de acidente são: Silos e unidades de armazenamento; Correias transportadoras e Elevadores de Caneca; Secadores; Coletores de Poeiras.”, explica.

A respeito das prevenções possíveis de serem tomadas, Diniz explicou que instalações como silos necessitam de Estudos de Classificação de Áreas. Essa classe de estudo analisa todo o ambiente e determina as fontes de liberação e as extensões de volumes que devemos ter com atmosferas potencialmente explosivas.

Com base nesse estudo, os projetos elétrico, mecânico e de automação devem ser feitos utilizando produtos com certificação para serem instalados em atmosferas explosivas e no Brasil há a exigência de que essa certificação seja validada pelo INMETRO.

“Além disso, todo equipamento deve ser inspecionado periodicamente, sendo que a norma recomenda intervalos máximos de 3 anos. Outra forma complementar de prevenção é o estudo DHA. Essa análise complementa as ações do estudo de classificação de áreas e analisa também medidas de contenção pós acidente. Desse modo, é possível evitar a propagação do incêndio ou explosão para outras áreas das instalações”, conclui.

A IstoÉ Dinheiro tentou contato com a Contribá, empresa responsável pelo silo, mas ainda não obteve retorno.