As fazendas de pecuária de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são as mais avançadas do País na integração com a lavoura e a floresta. No Paraná, a alta produtividade é destaque, e Goiás continua sendo soberano em confinamentos. Sem contar que a qualidade de metade dos pastos, nesses Estados, varia de boa a ótima, e a produtividade não para de crescer. Essa foi a conclusão apresentada pelas cinco equipes do Rally da Pecuária 2012, que percorreram 52 mil quilômetros batendo em muitas porteiras pelo caminho para levantar informações sobre os rumos da produção de carne do Brasil. No entanto, todo esse desenvolvimento que vem se revelando nas últimas décadas precisa apertar o passo. Isso porque a agricultura carece de mais espaço para também crescer, sem desmatar.

Os censos de 1950 e 2006 já mostraram que os produtores estão no caminho certo. O avanço da pecuária, de 79% no período, foi atribuído aos ganhos de produtividade, com a ajuda, é claro, dos avanços tecnológicos, que surgiram ao longo de mais de cinco décadas. “O que precisa agora é velocidade no ganho de produtividade”, afirma André Pessôa, diretor da Agroconsult, empresa de consultoria especializada em agronegócio, em Florianópolis (SC), que, juntamente com a Bigma Consultoria, de Casa Branca (SP), organiza a expedição da pecuária pelo País. Segundo ele, nesses 56 anos, apenas 21% desse crescimento é justificado pelo aumento da área de pastagens. “Se esses ganhos não tivessem ocorrido, mesmo que em marcha lenta, a pecuária teria de ocupar hoje 525 milhões de hectares para manter o mesmo rebanho e produção de carne”, diz Pessôa. O Brasil possui atualmente 171 milhões de hectares destinados à criação de bovino. Para Maurício Palma Nogueira, que coordenou o Rally, na próxima década, de cada dez quilos de aumento no consumo mundial de carne, três quilos deverão sair do Brasil.

Já para a agricultura, ainda de acordo com Nogueira, na velocidade atual de tecnificação da pecuária, e de crescimento da produtividade, a atividade conseguirá legar 8,6 milhões de hectares, hoje ocupados por pastagens, para a produção agrícola. Essa projeção da Agroconsult mostra que, até 2022, as atividades de grãos, cana-deaçúcar e florestas plantadas exigirão muito mais espaço. Até lá, a agricultura vai precisar de 15,3 milhões de hectares novos. “Esperamos que 82% dessa área venha de pastagens e apenas 18% de retirada de vegetação nativa” diz Pessôa. “O produtor quer aplicar herbicida, fazer uso da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) e confinar para multiplicar os lucros.” No entanto, para um crescimento mais acelerado são necessários investimentos. “Faltam linhas de crédito para a tecnificação da pecuária, isso inclui também a melhoria dos pastos e integração com a agricultura.”