O deputado federal Sanderson (PSL-RS), vice-líder do governo na Câmara, enviou ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, um pedido para que o também deputado Jorge Solla (PT-BA) seja investigado por críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e aos parlamentares aliados ao governo.

Sanderson afirma que o colega de Parlamento imputou condutas criminosas ao chefe do Executivo federal e aos deputados bolsonaristas ao afirmar que há um genocídio em curso na condução da pandemia da covid-19 e ao se referir ao presidente e aos seus filhos como uma ‘quadrilha que se apossou do Palácio do Planalto’ e está desmoralizando aqueles que os apoiam.

“A Câmara não será cúmplice desse genocídio causado principalmente por Bolsonaro e sua quadrilha, que assumiu, com insanidade total, a Presidência da República”, disse o deputado de oposição em sessão remota na última quarta, 15.

Sollas emenda dizendo que a prática de desvio de salários de funcionários lotados em gabinetes parlamentares, a chamada ‘rachadinha’, pela qual o filho mais velho do presidente é investigado, foi desenvolvida por Bolsonaro.

“Para aqueles que questionaram a quadrilha Bolsonaro, eu vou desenhar. Bolsonaro ficou 27 anos na Câmara desenvolvendo a tecnologia da rachadinha, apropriando-se ilegalmente do salário de assessores fantasmas. Ele montou uma máfia, um clã parlamentar com seus filhos, e transferiu a tecnologia. Os meninos são bons alunos e aprenderam muito com o pai. Eles desenvolveram essa máfia na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e o Queiroz era o operador, era o caixa. E eles a ampliaram”, disse o deputado.

O petista afirmou ainda que a família tem ligação com milicianos do Rio: “Além das rachadinhas e dos salários de assessores fantasmas, envolveram-se com a milícia, ganharam dinheiro ilegalmente da milícia do Rio de Janeiro, defenderam, homenagearam a milícia. Então, essa quadrilha que se apossou do Palácio do Planalto está sendo desmoralizada e está desmoralizando Vossas Excelências, que inclusive estão sendo alvo de investigação no inquérito das fake news”.

No documento enviado à Procuradoria, Sanderson argumenta que a conduta é ‘ofende a integridade do presidente da República, seus familiares e apoiadores’ e ‘não condiz com a ética e o decoro que se espera de um parlamentar’.

“Evidente, portanto, que o deputado Jorge Solla agiu em desconformidade com a legislação penal, o que justifica que sejam adotadas as medidas cabíveis pela PGR para apurar a possível prática delitiva contra o presidente da República”, sustenta.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO JORGE SOLLA

Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com o deputado Jorge Solla. O espaço permanece aberto a manifestações.