Mais um ano de desafios para a pecuária nacional. Em 2012, os pecuaristas entenderam o recado do mercado e investiram em genética. A prova é que a Programa Leilões, líder no setor, registrou um número de remates e resultados que ultrapassam os do ano passado. Segundo Paulo Horto, diretor da empresa, o trabalho de seleção dá resultado de uma ponta a outra da pirâmide, do gado de corte à elite. Horto afirma que em 2013 a tecnologia vai ser o diferencial nas pistas.

Qual a avaliação que o sr. faz deste ano?
Foi um ano de muitos desafios, com baixo crescimento da economia, uma seca atípica que surpreendeu os pecuaristas e uma política difícil de preços para o produtor. Mas o pior já passou. Conseguimos, agora, vislumbrar um cenário otimista e com tendência concreta de melhora porque é exatamente neste quadro duro para o pecuarista que enxergamos as oportunidades. No País, o consumo de carne não caiu. O mercado interno tem sustentado a nossa pecuária e o produtor entendeu o recado: temos que produzir mais e melhor, pelo menor custo e no menor prazo. Essa é a lição que a genética dá: com qualidade e planejamento, ela é o grande diferencial.

Na prática, que lições são estas para o futuro?
É na adversidade que se enxergam as oportunidades. Com o aumento do abate de fêmeas vão faltar bezerros e, consequentemente, carne. Mas o consumo está em crescimento, o que sinaliza melhores preços e uma boa recuperação da arroba. Agora é hora de pensar em tecnificar. Essa é a década da tecnologia na pecuária, que, aliada à genética de ponta, forma o pacote do sucesso no campo.

O que justifica esta confiança no mercado?
Sempre trabalhamos com o pé no chão. A agricultura tem sido mais veloz que a pecuária em investimentos e visão de futuro. Está alguns passos à nossa frente, se considerarmos os investimentos tecnológicos e a preocupação com rentabilidade. Estamos vivendo um divisor de águas, e quem perceber vai sair na frente. Nosso investimento tem que ser em produção e genética porque é ela que garante a sustentabilidade do negócio de uma ponta a outra, do corte à elite animal. Os americanos são um exemplo. Hoje, eles oferecem ao mercado uma boa carne de animais abatidos até com 12 meses. Se nós temos consumo e podemos ter qualidade, precisamos acompanhar as tendências de mercado. Não há o que temer.

O que falta para os pecuaristas brasileiros?
Em 2012, os pecuaristas trabalharam duro e enfrentaram adversidades. Mas eles sabem onde estão pisando, investem no negócio, integram áreas de lavoura e pecuária e enxergam o futuro fazendo mais e melhor. O ano de 2013 dá sinais evidentes de recuperação. Pesquisas recentes mostram que nos próximos dez anos, para cada dez quilos de aumento no consumo mundial de carne, três quilos deverão ser produzidos no Brasil. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usada) tem previsão de um aumento de 3% no rebanho brasileiro no próximo ano, isso por conta do melhoramento genético, renovação de pastagens, suporte financeiro do governo para recomposição do rebanho bovino e preços sustentados do gado. Podemos chegar ao final de 2013 com 210 milhões de cabeças, tudo isso somado a um aumento de 20% nas exportações, em especial à Venezuela, sem contar nossos preços competitivos.