16/08/2022 - 16:27
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ampliou o patrimônio declarado à Justiça Eleitoral em 46%, entre 2018 e 2022, com o valor pulando de R$ 88,973 milhões (em valores corrigidos pelo IPCA) para os atuais R$ 129,795 milhões.
No registro, Zema declarou possuir participações em empresas que somam mais de R$ 90 milhões, R$ 1,3 milhão em aplicações de renda fixa, R$ 33 milhões em outros fundos, uma casa de R$ 704 mil e um terreno de R$ 70 mil.
Nas eleições deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) modificou a divulgação dos dados dos patrimônios dos candidatos, com a alegação de que os dados disponibilizados até as eleições de 2020, não poderiam mais ser divulgados, com a implantação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Assim, os dados detalhados do patrimônio dos candidatos, abertos à população no portal do TSE, não são mais detalhados. Com isso, não é possível, por exemplo, saber a marca, o modelo, a placa, a cor e o ano de fabricação dos veículos dos candidatos. Em participação em empresas, do mesmo modo, não é mais possível saber à qual companhia o registro se referia e mesmo o tamanho dessa participação.
Kalil declara que ficou mais ‘pobre’
Principal adversário de Zema, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) teve uma redução de 18% em seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral em dois anos, entre 2020 e 2022, que passou de R$ 4,455 milhões (em valores corrigidos pelo IPCA) para R$ 3,652 milhões. Ele apresentou na lista de patrimônio, entre outros bens, apartamento de R$ 8.800, sem identificar a localização do imóvel, e dois depósitos bancários: um de R$ 10, no País, e outro de R$ 1,058 milhão, no exterior, sem declarar o país onde mantém esse depósito.
Por meio de nota, a assessoria de Kalil disse que a declaração sobre o seu patrimônio “está em conformidade com as informações prestadas à Receita Federal”. Em relação ao valor de R$ 8.800 do apartamento, a assessoria informou que o candidato tem apenas uma pequena fração da propriedade.
O senador Carlos Viana (PL-MG), por sua vez, diz ter tido uma perda ainda maior no valor do patrimônio registrado à Justiça, entre 2018 e 2022. Viana declarou patrimônio este ano de R$ 3,566 milhões, 30% inferior ao declarado em 2018, de R$ 5,140 milhões (em valores corrigidos pelo IPCA). No patrimônio à Justiça, o senador declarou ter R$ 75 mil em espécie (dinheiro vivo).
Já o ex-deputado Marcus Pestana (PSDB), apoiado pelo PSDB e Cidadania, apresentou patrimônio de R$ 1,486 milhões. Cabo Tristão (PMB) apresentou bens no valor de R$ 350 mil; Lorene Figueiredo (PSOL) de R$ 123,4 mil; Vanessa Portugal (PSTU) de R$ 100 mil; Indira Xavier (UP) de R$ 136; e, finalmente, Lourdes Franciso (PCO) e Renata Regina (PCB) declararam não terem bens.
Janones amplia patrimônio em 32%
O deputado André Janones (Avante-MG), que renunciou à disputa pelo Planalto para apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarou à Justiça Eleitoral, patrimônio de R$ 294 mil, um valor 32% superior ao apresentado nas eleições de 2018: dois depósitos bancários, que totalizam R$ 213.786, e um terreno, avaliado em R$ 80 mil. Em 2018, o parlamentar apresentou bens no valor R$ 223,2 mil (em valores corrigidos pelo IPCA).
Zema diz que vendeu empresas
Por meio de nota, a assessoria de imprensa de Zema informou que o “incremento no patrimônio de Zema ocorreu antes do início do atual mandato”. “Ainda em 2018, duas empresas que atuam no ramo de combustíveis e que eram do Grupo Zema, foram vendidas para uma companhia francesa de energia, por aproximadamente R$ 380 milhões”, diz o comunicado.
“Zema tinha participações em ambas as empresas vendidas e recebeu recursos, como pessoa física, de aproximadamente R$ 10 milhões. Além disso, em uma das empresas, ele detinha 27,14% da participação acionária. Quando houve a divisão da venda, a parte da cota destinada a ele foi de aproximadamente R$ 23 milhões. Esses recursos foram direcionados à empresa de varejo da família e fundos de investimento. O restante da ampliação dos bens é proveniente valorização das empresas do grupo”, informa a assessoria do candidato.
Procurados pelo Estadão, Viana e Janones não comentaram o assunto até o momento.