O Banco Central Europeu (BCE) vai precisar fazer novos aumentos das taxas de juros – e não apenas na reunião de política monetária deste mês – para que a inflação volte a 2% no médio prazo. A avaliação é de Joachim Nagel, dirigente do BCE e presidente do Bundesbank, em participação em evento do DZ Bank e OMFIF neste sábado.

“O tamanho dos ajustes da taxa de juros e quão alto nós elevamos as taxas de juros serão determinados em cada caso pelos dados atuais e sua importância para as perspectivas de inflação”, destacou Nagel.

O dirigente avalia que o Conselho do BCE “agiu de forma decisiva” com os recentes aumentos das taxas de juros, com início em julho – a primeira elevação desde 2011. Desde então, além da alta de 0,5 ponto porcentual em julho, o BCE anunciou uma alta de 0,75 ponto porcentual em setembro.

“O Conselho do BCE não deve desistir cedo demais. Porque temos que garantir que a inflação alta acabe. Quanto mais tempo a inflação se mantiver elevada, maior será o risco de as expectativas de inflação a mais longo prazo ultrapassarem a meta do sistema europeu”, afirmou Nagel. “Se as expectativas de inflação se desvinculassem do lado positivo, as taxas de juros teriam que subir ainda mais rápido ou mais. E os custos macroeconômicos de trazer a inflação de volta ao nível desejado também seriam maiores. Este é um cenário que nós, no Conselho do BCE, queremos absolutamente evitar.”

Ainda, o dirigente do BCE citou as “Perspectivas Econômicas Mundiais” do Fundo Monetário Internacional (FMI) para destacar que há três pontos “muito claros”: “a alta inflação é um fenômeno amplo, afetando a maioria das economias do mundo; uma parcela crescente de economias está em desaceleração do crescimento e, entre as economias avançadas, a Alemanha provavelmente será particularmente atingida; e terceiro, o crescimento do comércio global está desacelerando acentuadamente”, disse.