10/06/2014 - 15:21
Quem vê a produtora rural e empresária Patrícia Leitão Camarero deitada na rede em uma manhã de quinta-feira, desfrutando da paisagem bucólica da Fazenda Santa Teresa Hotel & SPA, propriedade de 242 hectares no município de Bocaina, na região de Araraquara, no interior paulista, pode imaginar que por trás dela há uma legião de funcionários a zelar pelo seu patrimônio. Porém, engana-se quem pensa assim. Na fazenda Santa Teresa, Patrícia conta com o apoio de alguns empregados, mas é ela quem administra sozinha o hotel, o spa e, de quebra, as lavouras de cana-de-açúcar e café. Cuidar de uma horta orgânica e de um pomar também faz parte do seu cotidiano. É de lá que ela colhe as verduras, os legumes e as frutas servidos a seus hóspedes. O leite e o ovo mexido também têm origem na fazenda. O café do tipo icatu, ideal para a elaboração do espresso, é colhido a poucos metros do restaurante, cuja vista é panorâmica. Sentando-se à mesa é possível observar ao longe um paredão verde formado pelos 60,5 hectares de cana-de-açúcar, reformados no ano passado, e um antigo terreiro de secar café. Mais próximo à entrada do restaurante, a piscina integrada à paisagem é um convite para relaxar. No cardápio, além dos ingredientes frescos da fazenda, Patrícia oferece pratos tirados de antigos cadernos de receitas de sua família. “A ideia é aguçar a memória afetiva dos visitantes”, diz Patrícia, que herdou a propriedade de sua tia materna Helena, em 1995. “Tocar a fazenda com o hotel e o spa tem sido um grande desafio”, afirma. “Mas seguir a filosofia da simplicidade da vida no campo tem feito tudo dar certo.”
Ao iniciar a gestão da fazenda, Patrícia, que não entendia do negócio, partiu do que havia ficado ali da época de seu tio Leônidas Pacheco Ferreira, que adquiriu a propriedade em 1960. Antes de virar fazendeira e empresária, Patrícia era dona de casa e voluntária na administração de uma escola. O café e a cana-deaçúcar são as culturas de destaque na Santa Teresa. O café pela qualidade e a cana pela produtividade. “Hoje, o pouco café que produzo é para consumo próprio e para o hotel”, diz. “Mas meu tio chegou a cultivar 500 mil pés.” De acordo com ela, a motivação para dar continuidade à lavoura de café foi mais emocional do que racional. “Essa história de tomar o café da casa também foi herança”, diz. “Mas a bebida cresceu aos olhos dos hóspedes, que querem levar o grão para casa.” Segundo
Patrícia, o café é especial porque a colheita é praticamente artesanal.
Cada cafeeiro é observado de perto pelo funcionário Aparecido Donizete de Oliveira Reali, que só inicia a colheita quando os grãos estão no ponto. “A gente vai colhendo homeopaticamente”, diz Reali.
“Isso proporciona uma qualidade especial à bebida.” Já a cana-de-açúcar ganhou espaço na fazenda após a morte do tio, em 1978. Para manter o patrimônio, sua tia Helena decidiu simplificar o negócio, arrendando as terras para a antiga Usina da Barra, da família do empresário Rubens Ometto. À época, a fazenda tinha o dobro da área atual. Os quase 500 hectares da fazenda ficaram arrendados de 1980 até 2009, quando Patrícia entregou a última safra de cana para a usina. “Nessa época, a produtividade era de 250 toneladas por 2,42 hectares, que corresponde a um alqueire paulista”, diz Patrícia.
“Hoje tenho apenas a cana reformada, só depois da colheita deste ano vou saber da produtividade.”
Após organizar as lavouras de cana e café, Patrícia completou o seu plano de negócios com o hotel spa, inaugurado em outubro de 2011. A ideia inicial era construir um acampamento para crianças com necessidades especiais, mas como exigia uma infraestrutura muito elaborada, que demandaria um alto investimento, ela optou pelo hotel spa. “Meu desejo era ter um negócio que fizesse bem às pessoas, que as revitalizasse”, diz Patrícia. “Consegui isso com o hotel spa, que também atende pessoas especiais.” O empreendimento conta com apenas 12 suítes, o que possibilita um atendimento mais cordial e solícito aos hóspedes. O mobiliário é campestre e colonial, e os banheiros são equipados com ducha de água de mina. Os quartos possuem varandas com vista para o jardim, para o pomar e para o lago.
O spa foi instalado em um amplo e antigo celeiro, cuja estrutura original foi mantida. Com pé-direito alto e enormes janelas envidraçadas, o local é composto por salas para terapias corporais e um salão
no qual ocorrem atividades físicas como ioga. A massagista Tamires Sarkis Meletto é a responsável por proporcionar parte da revitalização dos hóspedes. “O objetivo do spa é garantir o encontro com a saúde do corpo e do espírito”, diz Tamires. De acordo com ela, há ainda tratamentos corporais, como drenagens, esfoliação facial, shiatsu e hidratação, além das massagens, que podem ser realizadas com conchas ou bambus. Na parte externa do spa, uma varanda com vista para o lago e montanhas é equipada com espreguiçadeiras e um ofurô a céu aberto, no qual são realizados banhos relaxantes com flores de lavanda, grevíleas ou figueira. A propriedade exibe ainda uma mata nativa com três cachoeiras, trilhas para caminhadas e lagoa para pesca recreativa. Os hóspedes têm também à disposição dos visitantes cavalos e charretes para passeios, ambientes para leitura, salas com lareira e um espaço fitness.