24/01/2021 - 18:05
O candidato à presidência da Câmara dos Deputados Baleia Rossi (MDB-SP) afirmou neste domingo, 24, que, caso eleito, analisará “com equilíbrio” os pedidos de impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, o deputado disse que cumprirá a Constituição e que “não abrirá mão de suas funções” se assumir o comando da Casa. O parlamentar também questionou se o seu principal rival na disputa, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL) teria algum “combinado” com o Planalto sobre os pedidos de impeachment.
“O compromisso é cumprir a Constituição. Como presidente, não abrirei mão de minhas funções. Analisarei com equilíbrio os pedidos. Por quê? Arthur Lira engavetaria sem cumprir seu papel com independência? Existe algo combinado entre o Planalto e Lira neste sentido?”, indagou Baleia em sua página oficial do Twitter.
A publicação foi uma resposta ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), que neste domingo cobrou de Baleia Rossi uma posição sobre pautar ou não o impeachment, caso fosse eleito. “Seria bom que o candidato Baleia Rossi afastasse mais uma das inúmeras dúvidas que o cercam: existe de fato um compromisso dele em pautar um pedido de impeachment ou ele pode chamar isso claramente de mentira da Gleisi (Hoffmann), presidente do PT?”, questionou.
Na sequência, Nogueira acrescentou: “Ou faz uma coisa ou outra, senão vai ficar a dúvida de que pode existir um contrato de gaveta entre o PT e Baleia Rossi. Afaste essa dúvida: tome posição!”
A declaração do senador remete à aliança do PT com Baleia Rossi para sua eleição. O emedebista tem o apoio de partidos de oposição e de centro-direita. De acordo com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, um dos compromissos de Baleia, em troca do apoio da sigla, é pautar o impeachment.
Apesar disso, a possível cassação de Bolsonaro não é promessa de campanha de Baleia Rossi, mas o candidato atraiu a oposição com o compromisso de “analisar” os pedidos engavetados por Rodrigo Maia (DEM-RJ). O emedebista mantém a possibilidade em aberto no momento em que crescem pressões dentro e fora do Legislativo para que o tema venha à pauta. Ele prega “construir uma Câmara independente e respeitada”.
As eleições para a presidência do Senado e da Câmara estão marcadas para o dia 1° de fevereiro. Baleia é o nome escolhido por Rodrigo Maias para sucedê-lo. Enquanto o Planalto apoia Arthur Lira como parte do acordo de aliança com o bloco Centrão. Cabe ao presidente da Câmara analisar os requisitos legais para iniciar a abertura de um impeachment.
Atos pelo impeachment
Ao longo deste fim de semana, ocorreram no País diversos atos a favor do afastamento de Bolsonaro promovidos por movimentos de esquerda, de direita e representantes da sociedade civil. A atuação do governo na aquisição de testes, vacinas e insumos para combater a covid-19, agravada pela crise sanitária em Manaus (AM), levou à retomada da onda pró-impeachment.
Há atualmente 56 pedidos ativos de impeachment do presidente que aguardam um desfecho na Câmara. Maia considera “inevitável” instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as ações do governo durante a pandemia da covid-19.
Com receio do impeachment e na ofensiva para emplacar Lira no comando da Casa e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado, o governo colocou a articulação política em campo com a oferta de cargos e recursos e tem demitido indicados por quem não demonstra apoio.
‘Metamorfose ambulante’
Na sexta-feira, Baleia e Lira subiram o tom da disputa nas redes sociais. O emedebista chamou Lira de “metamorfose ambulante” por suas mudanças de posicionamento quanto ao auxílio emergencial e a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Olha, mudar a velha opinião é uma virtude. Agir por casuísmo, não”, escreveu Baleia.
Em resposta, Lira insinuou que a publicação teria sido “ditada” por Maia e garantiu que terá previsibilidade em seu mandato. O líder do Centrão afirmou ainda que não iria “cair no jogo sujo que tentam empurrar neste final de campanha com ataques pessoais e outras baixarias”. Lira também destacou o objetivo de “limpar a Câmara do excesso de personalismo”.