10/07/2017 - 8:00
Dona de 46,5 mil hectares de cultivo de soja, algodão e milho em Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Mato Grosso, a Agrícola Xingu cansou de tomar prejuízo por conta das reviravoltas do clima. Isso porque a dona do grupo, a multinacional japonesa Mitsui & Co, com faturamento global de US$ 43,3 bilhões no ano passado e que está no País há 57 anos, jamais havia firmado um contrato de seguro rural por aqui. “Não víamos uma solução em seguro que se adequasse às necessidades de custo-benefício para a companhia”, afirma Sergio Della Libera, CFO da Agrícola Xingu. Mas isso mudou nesta safra. A empresa foi a primeira no País a contratar a mais nova modalidade de seguro agrícola: o paramétrico, oferecido pela seguradora suíça Swiss Re desde o ano passado. “Desde então, passamos a dormir mais tranquilamente”, afirma Libera.
Diferentemente de um seguro tradicional, que é acionado com a ocorrência de um evento climático, o paramétrico vigora apenas quando o fenômeno chega a um nível crítico, previamente definido em contrato e, por isso, com preços flutuantes. Na apólice são determinados os limites de dias sem chuva, ou o nível mínimo de pluviosidade para cada lavoura, ou mesmo o nível de temperatura prejudicial à produção. No caso da Xingu, foram traçados níveis críticos de falta de chuva para os três tipos de lavoura. “Sabemos que cada cultura tem o seu próprio tipo de resistência, e ao definirmos isso o seguro se tornou mais vantajoso”, diz Libera. Além disso, o período de cobertura foi ajustado. A empresa apostou em um plano que assegura a produção do final do plantio até o início da colheita, para cada cultura. Num seguro tradicional, a cobertura padrão segue o período do ano-safra brasileiro que, em geral, vai de junho de um ano a julho do outro.
Para o diretor da Swiss Re, José Cullen, é difícil comparar as modalidades tradicional e paramérico. “O que podemos afirmar é que o paramétrico pode ficar entre 15% e 50% mais barato.” Para efeitos de comparação, segundo os dados do Ministério da Agricultura, levando em conta o total de prêmio pago pelo produtor em Sorriso (MT), no ano passado, o custo do seguro médio por hectare foi de R$ 68,08 para a cobertura da lavoura de soja. Com o seguro paramétrico o custo poderia cair até R$ 34,04 por hectare. No País, a companhia faturou R$ 381,4 milhões em 2016, sendo a maior fatia a de prêmios para o seguro rural, equivalente a 40,7% da receita ou R$ 155,2 milhões. O mercado total de seguro rural foi R$ 3,6 bilhões, 11,3% acima de 2015, segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização.