Em uma tentativa de se firmar como a principal trincheira da ala mais ideológica do bolsonarismo, o PTB determinou que ex-integrantes “ativistas” do governo terão espaço garantido na legenda para disputar cargos proporcionais em 2022.

O partido se aproximou de dissidentes do Novo e estuda até mudar de nome para eliminar o “trabalhista” da sigla. O diretório paulista da legenda já se prepara para abrigar novos filiados, entre eles os ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).

Presidido pelo ex-deputado Roberto Jefferson – que foi preso na última sexta-feira por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator do inquérito das milícias digitais -, o PTB também decidiu participar de atos programados para o dia 7 de setembro contra o STF. Os novos militantes da agremiação levarão cartazes em defesa da libertação do dirigente, tratado por eles como “preso político”.

Segundo o vice-presidente do diretório paulista do PTB, Flávio Beal, a executiva da legenda no Estado encomendou “estudos de branding” para escolher um novo nome para o partido. A mudança é uma tese que vem sendo debatida internamente como estratégia para reduzir a resistência de lideranças que estão se aproximando.

“O PTB está fazendo uma boa tentativa de abraçar a direita, mas se encaixa nisso de uma maneira meio torta. O partido foi fundado em cima de esquerdismo e lei trabalhista. É pai, mãe, tio e avô da esquerda brasileira. Tem coisas que ainda não se ajustaram. O nome é uma delas”, disse o deputado Luiz Philippe de Orleans Bragança (PSL-SP).

Cotado para ser vice de Bolsonaro em 2018, Luiz Philippe vai deixar o PSL e já se reuniu com Jefferson, que o convidou para entrar no PTB. O parlamentar, descendente da família real brasileira, afirmou que quer entrar em um partido que tenha “rigor ideológico” para enfrentar a esquerda “fogo com fogo”.

Investigado em inquéritos no Supremo sobre propagação de notícias falsas e financiamento de atos antidemocráticos, o empresário Otávio Fakhoury assumiu o comando do PTB paulista em evento que teve a presença de Salles. Depois de tentar uma vaga de deputado pelo Novo em 2018, o ex-titular do Meio Ambiente é uma das apostas do PTB paulista.

Além dele, o partido também convidou Ernesto Araújo e Abraham Weintraub. “Eles têm a garantia de legenda para disputar a vaga que quiserem na eleição proporcional, mas, na majoritária, vai depender da nossa coligação”, disse Beal. O PTB mantém a porta aberta para receber o presidente Jair Bolsonaro ou quer estar no mesmo palanque que ele nos Estados.

Em outra frente, o PTB se aproximou de dissidentes do partido Novo e de parlamentares da legenda que estão descontentes com a direção nacional e defendem pautas bolsonaristas. O engenheiro e administrador Roberto Motta, que foi um dos fundadores do Novo, e o empresário Diogo da Luz, que disputou o Senado pelo partido, foram sondados pelo PTB para concorrer a vagas na Câmara dos Deputados em 2022. Já os parlamentares que ainda estão no Novo querem esperar para anunciar a mudança.

Direita

Fundada em 1945 por Getúlio Vargas, a sigla está cada vez mais radicalizada à direita. Depois do trabalhismo dos anos pré-1964 e do fisiologismo posterior à redemocratização, o integralismo chegou ao PTB. Recentemente, integrantes da Frente Integralista Brasileira (FIB) se filiaram ao diretório do partido em São Paulo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.