30/09/2021 - 15:10
Presidente da distrital de Chicago do Federal Reserve (Fed), Charles Evans afirmou nesta quinta-feira que as recentes leituras de inflação nos Estados Unidos têm sido surpreendentes, uma vez que os níveis de preços seguem elevados além do esperado, de acordo com ele. “Não há como camuflar o impacto da inflação sobre o poder de consumo” das pessoas, argumentou o dirigente, durante evento online organizado pelo Centro para Finanças Bendheim da Universidade de Princeton.
A persistência dos gargalos na cadeia de suprimentos são particularmente inesperados, segundo Evans, que argumentou ser necessário monitorar de perto se os preços de alguns materiais, como madeira processada, chips semicondutores e carros usados, vão moderar nos EUA com o tempo, como ele espera.
Quanto às expectativas inflacionárias, Evans disse que não as vê fora do controle, apesar das leituras fortes nos últimos meses.
Ao contrário, o dirigente, que tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano, afirmou ter dúvidas sobre se as expectativas estão consistentes com a meta de inflação anual de 2% do Fed.
Tapering
Evans projetou que a instituição deve começar a retirar suas compras emergenciais de bônus entre o fim deste ano e janeiro de 2022, com término do processo – conhecido como tapering – em meados ou durante o outono (no hemisfério norte) do ano que vem.
Neste cenário, ele vê a “inflação subjacente” – aquela que persiste na “ausência de folga econômica, choques de oferta, mudanças idiossincráticas de preços relativos ou outros distúrbios”, segundo definição do próprio Fed – abaixo de 2% ao ano, meta estabelecida pelo BC americano.
Desta forma, Evans afirmou estar confortável com uma inflação entre 2% e 2,5% no ano que vem. O dirigente espera uma taxa um pouco acima de 2% em 2022, à medida que os gargalos na cadeia de suprimentos moderem, como ele espera.
Evans defendeu que o Fed “espere e veja” como os choques na oferta evoluem, e se as expectativas inflacionárias sobem nos Estados Unidos, em resposta. “Se a inflação ficar entre 2,6% e 3%, pode ser que não mais consideremos a acomodação monetária necessária e mudemos para uma abordagem mais neutra”, afirmou.