23/11/2022 - 17:35
Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reafirmaram na reunião de política monetária de 1º e 2 de novembro o forte compromisso de retornar a inflação à meta de 2%. Segundo informações da ata do encontro entre os dirigentes, divulgada nesta quarta-feira, 23, os membros notaram que a inflação recente está mais persistente que o previsto.
O documento pontua que a inflação permaneceu elevada, refletindo os desequilíbrios entre a oferta e a demanda, com a guerra na Ucrânia e eventos relacionados. Em meio à crise geopolítica, os dirigentes observaram que há o risco de um novo aumento de energia.
Os dirigentes também notaram que as pressões inflacionárias de curto prazo continuam altas, mas ponderaram que preços mais baixos de commodities ou a expectativa de menores pressões derivadas de restrições nas cadeias de suprimentos poderiam contribuir para uma inflação mais baixa a médio prazo.
Com a inflação permanecendo alta e mostrando poucos sinais de moderação, os dirigentes observaram que “um período de PIB abaixo da tendência do crescimento seria útil para equilibrar a oferta e a demanda, reduzindo as pressões inflacionárias”.
Possibilidade de recessão
A equipe do Federal Reserve avaliou em novembro que os riscos para sua projeção para a atividade foi desviadas para o lado negativo, e que, a possibilidade de a economia entrar em recessão em algum momento durante o próximo ano, é quase tão provável quanto o seu cenário base. As visões também constam na ata do Fed relativa à última reunião da autoridade, na qual consta que a projeção para a atividade econômica dos EUA foi mais fraca do que a previsão de setembro.
Com a inflação persistentemente alta, o corpo técnico continuou a ver os riscos para a projeção de inflação como enviesados para cima. “Para a atividade real, o crescimento lento do gasto interno privado real, a deterioração das perspectivas globais e o aperto das condições financeiras foram vistos como riscos negativos para a projeção da atividade, além disso, a possibilidade de que uma redução persistente da inflação pudesse exigir um aperto maior do que o presumido nas condições financeiras foi vista como outro risco negativo” pela equipe, segundo a ata.
Mercado de trabalho
Os dirigentes do Federal Reserve avaliaram na reunião de política monetária de 1º e 2 de novembro que o mercado de trabalho permaneceu muito apertado nos Estados Unidos, de acordo com ata do encontro. No entanto, muitos participantes notaram sinais preliminares de que o mercado de trabalho pode estar se movendo lentamente em direção a um melhor equilíbrio entre oferta e demanda, segundo a publicação.
Os sinais incluíram uma menor taxa de rotatividade de empregos e uma moderação no crescimento nominal dos salários. Os participantes anteciparam que os desequilíbrios no mercado de trabalho diminuiriam gradualmente e que a taxa de desemprego provavelmente aumentaria um pouco em relação ao seu atual nível muito baixo, enquanto as vagas provavelmente diminuiriam, afirma a ata.
Alguns participantes observaram que os empregadores em certos setores, como saúde, lazer e hotelaria, ou construção, enfrentaram escassez de mão de obra particularmente aguda e que essa escassez estava contribuindo para pressões salariais especialmente fortes nesses setores, diz o documento.
Balanço patrimonial
Na reunião de novembro, os dirigentes do Federal Reserve concordaram em seguir com a redução do balanço patrimonial.
A perspectiva é seguir conforme descrito em plano para redução do balanço, emitido em maio deste ano.
Volatilidade dos mercados financeiros
Os dirigentes do Federal Reserve apontaram também que as condições financeiras apertaram, em meio à volatilidade dos mercados financeiros. Na ata da última reunião de política monetária da autoridade, o Fed destaca que os mercados interpretaram as últimas publicações e comunicações da autoridade monetária como um compromisso por parte do Comitê de manter a política monetária restritiva.
O documento nota que o foco do mercado ficou no questionamento de quando o Fed iria reduzir o ritmo das taxas de juros, “à luz do aperto substancial das condições financeiras que ocorreu ao longo do ano”.