05/12/2022 - 9:26
Diante dos temores do mercado financeiro com os efeitos do aumento de gastos planejado pelo governo eleito, as medianas para a taxa Selic no final de 2023 e de 2024 voltaram a subir no Boletim Focus. Já a projeção para o fim deste ano continuou em 13,75%, indicando a expectativa de manutenção dos juros básicos no último do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de 2022, que ocorre nesta semana.
A projeção para o fim de 2023 subiu de 11,50% para 11,75%, de 11,25% há quatro semanas. Para o término de 2024, o aumento foi de 8,25% para 8,50%, contra 8,00% um mês antes.
Considerando apenas as 82 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o final de 2023, a mediana de 11,75% tampouco sofreu alterações, com as 81 alterações realizadas na semana passada.
No Copom de outubro, o BC manteve pela segunda reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano. A autoridade monetária ainda voltou a indicar a estabilidade da Selic nesse patamar por “período suficientemente prolongado”. Mas também manteve o alerta de que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, os juros podem voltar a subir.
O ciclo da Selic voltou à discussão diante dos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na curva de juros, há uma precificação de alta e, em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir. No questionário pré-Copom de dezembro, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024, assim como pediu as estimativas para o juro neutro.
Os dois anos fazem parte do horizonte relevante de política monetária com o mesmo peso atualmente. Mas o BC tem dado ênfase ao horizonte seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.
Ainda no Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 5, a previsão para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 8,00%, a mesma taxa de quatro semanas antes.