Aholandesa Koppert Biological Systems se prepara para multiplicar seu tamanho em 15 vezes no Brasil até 2030. Para isso, a maior produtora mundial de defensivos biológicos anunciou investimento de R$ 700 milhões para os próximos três anos. O objetivo é ampliar seu complexo fabril na região metropolitana de Piracicaba, no interior de São Paulo. Trata-se da maior aplicação de recursos da Koppert fora da Holanda. A multinacional está de olho no potencial do mercado agrícola no País e no crescimento dos biológicos, em torno de 30% ao ano. “Desde o início de nossas atividades no Brasil, em 2011, temos crescido em média 35% ao ano. Por isso o investimento bastante agressivo, que dará suporte à expansão esperada”, disse o diretor industrial da Koppert do Brasil, Danilo Pedrazzoli. Segundo o executivo, o aporte será destinado à expansão de fábricas, aquisição de novas áreas e pesquisa e desenvolvimento, setor que também está sob sua responsabilidade, para atender uma área entre 10 milhões e 20 milhões de hectares. “Queremos manter nossa participação de 22% no mercado, ou até ampliar para 25%.”

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O investimento do novo complexo fabril, com três plantas, será feito 50% com recursos próprios e 50% com financiamentos que estão em negociação junto a um grupo de bancos europeus liderados pelo Rabobank, que tradicionalmente financiam todas operações globais da Koppert. Essas unidades terão capacidade para fermentação líquida e sólida e para produção de nematoides entomopatogênicos, micro-organismos que controlam pragas. Essas unidades atenderão o mercado sul-americano, junto com a fábrica que a empresa mantém na Argentina.

Presente em 30 países com unidades próprias, a companhia produz em 15 delas, mas só em duas – Brasil e Holanda – tem geração desses micro-organismos. “Somos a maior unidade de negócios do grupo fora da Holanda, com o mesmo nível de produção da matriz, e respondemos por 25% do faturamento global, estimado em 400 milhões de euros para 2022”, disse Pedrazzoli. A expectativa da companhia para este ano é alcançar a marca de R$ 800 milhões em faturamento no Brasil, o que representa um crescimento de pouco mais de 100% sobre o ano passado. Das 30 subsidiárias, a Koppert ainda exporta para mais de 100 países. A produção no Brasil abastece América do Sul, Estados Unidos, a própria Holanda e alguns outros países da África.

Segundo Pedrazzoli, a Koppert cresceu reunindo o conhecimento de mercado dos executivos locais ao conhecimento técnico da Holanda, construindo uma abordagem mais ampla para oferecer uma gama maior de itens aos produtores. E aproveitou as oportunidades do mercado nacional de biológicos, que apesar de antigo não contava com portfólios tão amplos por parte das empresas.

Os insumos biológicos não eliminam o uso dos químicos. Mas o crescimento do seu uso em 2020 levou ao registro do maior número de biodefensivos no Brasil no ano passado, quando 96 novos produtos foram aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Isso representa 22% de todos os produtos disponíveis no País. No mundo, a adoção desses insumos pelos agricultores movimentou em 2020 mais de US$ 5 bilhões e tem crescido 14,4% ao ano, de acordo com a CropLife Brasil (CLB), associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento dessas novas tecnologias.

EXPANSÃO ACELERADA Os aportes sustentarão o crescimento esperado pela empresa até 2030, segundo o diretor da Koppert do Brasil, Danilo Pedrazolli (Crédito:@COVOLAMFOTO)

A expectativa para 2025 é de que o mercado mundial de biodefensivos chegue a US$ 8 bilhões. Essa previsão está bastante relacionada à alta demanda do consumidor por alimentos livres de resíduos químicos e à necessidade de o agricultor realizar um manejo no campo que evite a resistência de pragas aos defensivos. Em relação ao Brasil, as vendas desses produtos biológicos somaram R$ 1,79 bilhão em 2021. A CropLife estima que esse mercado pode crescer mais 107% até 2030, chegando à receita de R$ 3,69 bilhões. O panorama promissor tem atraído até mesmo as indústrias de defensivos químicos, que estão investindo no segmento de biológicos.