A safra de café 2025 no Brasil apresentou um cenário distinto para as duas principais espécies cultivadas no país. Embora a estimativa inicial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em maio, indicasse um crescimento de 2,7% na produção total em relação a 2024, os números da colheita podem dar um panorama mais complexo.

O café arábica foi o mais afetado, com queda estimada de 6,6% na produção, resultado da bienalidade negativa e de um período prolongado de seca que prejudicou o desenvolvimento dos grãos. Já a espécie canephora (robusta/conilon) confirmou as expectativas de alta, com crescimento próximo de 27,9%, sustentando o volume total da safra.

Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, a colheita nacional está 94% concluída, com o conilon mantendo bons resultados e o arábica em 91%, mas com relatos crescentes de produtores sobre quebra de renda, sugerindo que o volume final pode ser ainda menor do que o previsto.

“A safra de 2025 evidenciou como as oscilações climáticas influenciam diretamente a produtividade do café no Brasil. Tivemos períodos de chuva acima da média em regiões-chave, o que beneficiou o conilon, mas também enfrentamos estiagens prolongadas em áreas de arábica, impactando a formação e a qualidade dos grãos”, afirma Gabryele de Carvalho, meteorologista da AtmosMarine.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontam que, em maio, o Sul de Minas e o litoral do Espírito Santo registraram chuvas acima da média, enquanto Rondônia e Paraná tiveram déficit hídrico. Em junho, o cenário se inverteu, com precipitações acima da média no Sudeste e Sul, incluindo Espírito Santo, Sul de Minas, São Paulo e Paraná. Em julho, a maior parte das regiões produtoras, como Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Rondônia, registrou índices dentro da média histórica, mas o Paraná seguiu com chuvas abaixo do normal.

A previsão para agosto indica manutenção da precipitação na média na maior parte do país, mas com possibilidade de chuvas acima do normal no norte de São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. No Paraná, a tendência é de índices abaixo da média. Rondônia deve registrar entre 60mm e 80mm no mês, enquanto Espírito Santo, norte de São Paulo e sul da Bahia e Minas Gerais devem receber cerca de 60mm.