Os juros de 15% no Brasil parecem não estar assustando a indústria de soja nacional. Levantamento realizado pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) revela que a capacidade total de processamento de soja no Brasil atingiu 76,4 milhões de toneladas em 2025. O volume é 5,7% superior ao registrado em 2024.

E ao que tudo indica o otimismo do setor não para por aí. As empresas do setor esperam investir R$ 4,5 bilhões apenas em 2025 e desembolsar R$ 5,9 bilhões ao longo dos próximos 12 meses.

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“Com quase R$6 bilhões previstos, a indústria reforça sua capacidade de atender à crescente demanda global por farelo e óleo de soja, além de impulsionar empregos e desenvolvimento regional”, disse Daniel Furlan Amaral, diretor de economia e assuntos regulatórios da Abiove.

Biodiesel puxa a demanda

Parte desse otimismo se deve ao biodiesel. Desde 1º de agosto, passou a valer em todo o Brasil a obrigatoriedade de mistura de 15% do biocombustível ao diesel convencional. A própria Abiove já revelou que, caso a mistura chegue a 21% até 2035, a capacidade de esmagamento de soja teria que ser ampliada para mais de 100 milhões de toneladas.

No caso do farelo de soja, o aumento das exportações teve uma contribuição importante para o incremento da capacidade produtiva. Além disso, a demanda interna, impulsionada pelas indústrias de aves e suínos, também tem contribuído para o crescimento das processadoras de soja.

Região Sul perde espaço

Todas as regiões do Brasil aumentaram sua capacidade de processamento de soja, exceto pelo Sul do país, onde a indústria encolheu 3,6% em comparação a 2024. O grande responsável pela desaceleração foi o Paraná, que perdeu 14,8% de sua capacidade produtiva em apenas um ano. Enquanto Santa Catarina se manteve estável, o Rio Grande do Sul avançou quase 10%.

O grande responsável pelo aumento da capacidade de produção do Brasil foi o Centro-Oeste. A região registrou um incremento de 14% em sua capacidade instalada, que passou a ser 99,7 mil toneladas de soja por dia. Mato Grosso liderou esse crescimento, com avanço de 21%, seguido por Goiás (9,5%) e Mato Grosso do Sul (3,5%).