Não é filme: equipamento foi importado dos EUA e custou R$ 200 mil

À primeira vista, a imagem ao lado, que mostra uma densa espuma invadindo um criatório avícola, pode parecer parte do célebre filme A coisa, clássico do terror de 1985, em que uma substância gosmenta fazia vítimas por onde passava. Mas a espuma em questão não é nociva aos seres humanos e nem causa arrepios na população.

O pânico, nesse caso, fica restrito aos galinheiros, já que as aves é que são as “vítimas”. Criada para possibilitar o abate em massa desses animais, o equipamento é a nova arma de produtores de Santa Catarina para garantir a saúde sanitária do estado e proteger o setor contra sanções econômicas em caso de doenças. Afinal, de acordo com a Associação Catarinense de Avicultura (Avac), o estado produz 1,4 milhão de toneladas de carne por ano, das quais exporta 850 mil toneladas e obtém divisas da ordem de US$ 1 bilhão ao ano.

US$ 1 bilhão É o valor anual das exportações de carne de frango, produzida pelos catarinenses

“Esse equipamento é de alta tecnologia, usado em países do hemisfério norte e está integrado ao nosso plano de prevenção sanitária”, explica o presidente da Acav, Clever Pirola Ávila, que investiu cerca de R$ 200 mil na aquisição do aparelho, já apelidado de “espuma assassina”.

Importado dos EUA, o equipamento cria uma espuma mais densa do que o comum, o que asfixia as aves, podendo provocar a morte de mil aves por minuto. Tudo sem causar sofrimento aos bichos, garante Ávila. “A finalidade é eliminar lotes de aves de forma operacionalmente rápida e biologicamente segura. Mas esperamos nunca precisar usar”, diz.

Segundo o Ministério da Agricultura, ter ferramentas de extermínio rápido de grandes plantéis de aves, em eventuais casos de ocorrências sanitárias, é uma exigência do plano de emergência avícola. “Trata-se de uma avançada tecnologia, extremamente útil dentro do plano de emergência avícola”, explicou o superintendente federal do Ministério da Agricultura, Francisco Van de Casteele. Nem por isso a “espuma assassina” escapou da ira de ambientalistas que já fazem campanha contra a novidade.

Mas para Ávila, a espuma representa um avanço para o estado. “Antigamente, em caso de epidemia, nós tínhamos que abater as aves uma por uma, com um custo alto e grande risco de a doença se disseminar. Hoje podemos reduzir esses problemas. Não podemos ter uma visão romântica da atividade.”