05/01/2022 - 12:13
O secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, pediu nesta quarta-feira, 5, que a população use máscara, evite aglomerações em ambientes fechados e se vacine para ajudar no combate ao fenômeno que está sendo chamado de “flurona” – nome dado à infecção simultânea por coronavírus e influenza. Em seu perfil em uma rede social, Cruz lembrou que casos de ‘flurona’ já foram identificados no País. As recomendações vão na contramão do presidente Jair Bolsonaro, que diz não ter se vacinado e é crítico ao uso do equipamento no rosto para evitar a propagação dos vírus.
“Estamos enfrentando tanto o vírus da #GripeH3N2, como a #Covid19, em que ambos atacam o sistema respiratório e apresentam sintomas bem parecidos. Além dos cuidados não farmacológicos, não deixem de se vacinar”, escreveu. “Se estiver em dúvida se é gripe H3N2 ou covid-19, faça um teste.”
Além de promover aglomerações com frequência, Bolsonaro defende, há meses, o fim da obrigatoriedade do uso de máscara contra a doença. Em dezembro, Bolsonaro subiu o tom contra o equipamento de proteção durante uma cerimônia em homenagem ao Dia do Forró no Palácio do Planalto. “Aqui é proibido usar máscara”, disse.
O Estado de São Paulo já registrou pelo menos 110 casos de “flurona”. O levantamento foi feito pela Secretaria de Estado da Saúde com base em dados de 2021 extraídos do sistema Sivep-Gripe. Conforme a Prefeitura da capital paulista, 24 casos de infecção dupla foram confirmados na cidade desde o início da pandemia. Há ocorrências de codetecção em pelo menos três Estados do País.
A Secretaria da Saúde de São Paulo informou que os dados levantados referem-se a casos hospitalizados que tiveram positividade tanto para influenza quanto para SARS-CoV-2 por meio de teste rápido de antígeno e/ou de RT-PCR. “Conforme definição do Ministério da Saúde, somente os casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) são de notificação compulsória”, explicou a pasta. Não foi especificado se as coinfecções têm aumentado ao longo das últimas semanas.
Há suspeitas de que as coinfecções possam ter crescido a partir do fim do ano passado porque o País identificou surtos de influenza em diferentes regiões, como Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo especialistas, a alta de casos da gripe pode ter se dado principalmente por causa da variante Darwin do H3N2, que escapa à vacina contra influenza aplicada no Brasil neste ano.
Em sua postagem, o número 2 do Ministério da Saúde afirmou que a Darwin “vem sendo cadastrada em nossos sistemas, em vários Estados do País”. Ele disse que “o uso de máscaras, a higienização das mãos” são medidas “sumariamente” importantes e recomendou que “todos se vacinem contra a gripe”. “Evite aglomeração em ambientes fechados, mantenha o ambiente arejado, lave as mãos com água e sabão, ao tossir cubra o nariz e a boca com um lenço, use máscara de proteção, não compartilhe objetos pessoais e evite tocar os olhos, nariz e boca”, recomendou.
O secretário explicou que a H1N1 e a H3N2 são variantes do vírus sazonal da gripe Influenza A. Os sintomas costumam aparecer de 1 a 4 dias, após a infecção. “Sintomas: picos de febre alta, dor de cabeça, corpo e articulações, mal-estar, calafrios, congestão nasal, tosse, garganta inflamada e fadiga”, escreveu. “Transmissão: exposição a gotículas da saliva pela da tosse, espirros ou fala, contato com local infectado e toque nos olhos, nariz e boca.”
Segundo Cruz, o Instituto Butantan está produzindo um imunizante que contém a nova variante. As vacinas são atualizadas a cada ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), relatou. “A vacina será trivalente (H1N1, H3N2 e subtipo Darwin e cepa B)”, afirmou. “Será distribuída pelo SUS, em 2022.”