O deputado Professor Israel (PV-DF) apresentou nesta terça-feira, 22, um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de apurar o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação. Para ser instalada, a CPMI precisa reunir a assinatura de pelo menos 171 deputados e 26 senadores, além de ser autorizada pelo presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Se criado, o colegiado será composto por deputados e senadores. Como revelou o Estadão, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, deu prioridade na liberação de verbas do MEC para prefeituras ligadas a pastores. O caso tem despertado revolta até de líderes do Centrão e da bancada evangélica, que nega qualquer vínculo com Ribeiro.

“Estou muito seguro de que vamos conseguir o número de assinaturas para a aprovação da CPMI com muita rapidez. Nossa projeção é de que até a próxima semana consigamos ter todos os parlamentares necessários. A temperatura está subindo muito rapidamente”, disse Israel.

“A cada dia, novas evidências, cada vez mais preocupantes, são publicadas na imprensa. E o governo se esconde, não responde aos jornalistas nem à sociedade. Então, pode ser ainda antes”, completou.

Pacheco

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a atuação de pastores no Ministério da Educação é um caso que precisa ser explicado. Em coletiva de imprensa, Pacheco afirmou que nunca precisou “má vontade” do ministro Milton Ribeiro, mas cobrou um tratamento igualitário da pasta na condução de políticas públicas a Estados e municípios.

Conforme o Estadão revelou, um grupo de pastores passou a comandar a agenda de Ribeiro formando uma espécie de “gabinete paralelo” que interfere na liberação de recursos e influencia diretamente as ações da pasta. Em entrevista coletiva, Pacheco afirmou não ter elementos para fazer um “juízo de valor” sobre a atuação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, cuja permanência no cargo ficou ameaçada.

Em conversa gravada, Ribeiro admitiu que prioriza o atendimento a prefeitos que chegam ao MEC por meio dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura. “Eu considero que é um caso a ser explicado, ele precisa ser, naturalmente, explicado, esclarecido, demonstrado, eventualmente, que não há qualquer tipo de favorecimento”, disse Pacheco, ressaltando que é preciso dar “crédito” para que Milton Ribeiro se explique.

“O Senado Federal sempre tem a expectativa, e todos os senadores também, de um tratamento igualitário de todos os ministérios, e também do Ministério da Educação. Na minha relação como presidente do Senado com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, eu nunca presenciei qualquer tipo de má vontade por parte do ministro”, afirmou o senador. “Eu confio que o MEC não vai fugir da regularidade e dessa rotina de tratar todos de forma igual, é o que eu espero.”