19/08/2022 - 18:03
A indústria de defensivos agrícolas é essencial para a agricultura brasileira por conta dos desafios sanitários em grande escala com pragas, doenças e plantas daninhas características da diversidade de uma região tropical. Por outro lado, parte da sociedade acusa o setor de envenenar os alimentos. Para trazer equilíbrio a esse choque de imagens, o segmento tem investido em atualização, modernização de produtos, integração de tecnologias e processos. O avanço dos biológicos vem nessa linha. Também tem evoluído a inteligência de aplicação, dando mais eficiência à cadeia. E existem passos importantes quanto à legislação, sobretudo para reduzir o entrave da demora no registro de novas soluções.
Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) confirmam parte da transformação do setor de defensivos. O manejo de proteção de lavouras consumiu 1,183 milhão de toneladas de insumos na safra 2021/22, 9,4% a mais do que o aplicado na anterior (1,081 milhão de toneladas). Já a área tratada cresceu 12,1% nessa mesma comparação: 1,9 bilhão de hectares na safra 2020/21 contra 1,7 bilhão da anterior. Vale esclarecer essa imensidão de hectares: o conceito de área tratada resulta da multiplicação de área cultivada em hectares pelo número de aplicações de defensivos e pelo número de produtos formulados em cada uma das aplicações.
A indústria de defensivos agrícolas é essencial para a agricultura brasileira por conta dos desafios sanitários em grande escala com pragas, doenças e plantas daninhas características da diversidade de uma região tropical. Por outro lado, parte da sociedade acusa o setor de envenenar os alimentos. Para trazer equilíbrio a esse choque de imagens, o segmento tem investido em atualização, modernização de produtos, integração de tecnologias e processos. O avanço dos biológicos vem nessa linha. Também tem evoluído a inteligência de aplicação, dando mais eficiência à cadeia. E existem passos importantes quanto à legislação, sobretudo para reduzir o entrave da demora no registro de novas soluções.
Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) confirmam parte da transformação do setor de defensivos. O manejo de proteção de lavouras consumiu 1,183 milhão de toneladas de insumos na safra 2021/22, 9,4% a mais do que o aplicado na anterior (1,081 milhão de toneladas). Já a área tratada cresceu 12,1% nessa mesma comparação: 1,9 bilhão de hectares na safra 2020/21 contra 1,7 bilhão da anterior. Vale esclarecer essa imensidão de hectares: o conceito de área tratada resulta da multiplicação de área cultivada em hectares pelo número de aplicações de defensivos e pelo número de produtos formulados em cada uma das aplicações.
Se o volume de defensivos cresce menos do que a área é sinal de que há maior eficiência no uso desses insumos, em parte pela redução na dosagem de herbicidas, inseticidas e fungicidas, resultado da renovação do portfólio das indústrias.
BIOTECH As mudanças no setor vêm ainda do desenvolvimento científico biológico, desde a seleção genética das próprias plantas, com cultivares mais resistentes a determinadas pragas e doenças ou a certos efeitos climáticos, até os defensivos. De 2000 até o ano passado, 433 produtos biológicos haviam sido aprovados no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A fatia das biosoluções no mercado total ainda é pequena, mas o potencial de crescimento é grande. Segundo o presidente-executivo da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, os atuais 3% de participação podem chegar a 10% em breve. O manejo integrado com os químicos é uma plataforma de expansão desses insumos. “Há uma percepção das empresas maiores de que o produtor rural tem à sua disposição uma matriz cruzada de tecnologias que usa simultaneamente”, disse.
Essa percepção a que se refere Lohbauer é traduzida em investimento e elaboração de novas soluções, fundamentais porque o aporte financeiro é sempre um desafio, por melhor que seja a rede de pesquisas agrícolas do País. “O produtor não adquire produto biológico ou químico, mas uma solução para redução do impacto de pragas e com garantia de resultado”, afirmou a diretora-executiva do Sindiveg, Eliane Kay.
Gigantes do setor de defensivos aumentaram a aposta nos biológicos. A UPL, por exemplo, criou em agosto do ano passado a divisão Natural Plant Protection (NPP) que é liderada pelo diretor de Desenvolvimento de Negócios, Dyogo Augusto Machado. Segundo o executivo, é mais uma maneira de a empresa se colocar à frente das transformações. “O Brasil será a sede global de estudos da empresa nessa área. Também construiremos aqui um laboratório de nematologia”, disse.
Outro exemplo é a Corteva Agriscience, que já tem quatro soluções biológicas e, em março deste ano, anunciou um acordo com a Symborg para distribuição exclusiva de um produto que capta nitrogênio do ar e o torna disponível para as plantas. A novidade aguarda a aprovação dos órgãos regulatórios do Brasil.
MANEJO A porteira também está aberta a outros setores de inovações. Como o serviço de gestão e rastreabilidade de pulverização aérea por aviões e drones realizado pela startup Perfect Flight, monitoramento feito por meio de plataforma digital e aplicativo mobile. Segundo o gerente de negócios da agtech, Leonardo Luvezuti, a ideia é aumentar as margens de acerto em cada gota. “Em grãos e fibras, 30% do custo geral está em defensivos, e grande parte da aplicação é aérea”, afirmou. A empresa conta com um banco de dados de 27 milhões de hectares pulverizados e processados.
O ajuste fino do manejo, com soluções digitais e boas práticas agrícolas, é também a aposta da Basf com a ferramenta xarvio. A partir da sobreposição de imagens das áreas de plantio o sistema leva à aplicação de defensivos na quantidade exata apenas onde é necessário. De acordo com a empresa, o manejo de plantas daninhas nos mais de 7 milhões de hectares já cadastrados na plataforma melhorou, em média, 62% com a tecnologia na safra 2021/22.
LEGISLAÇÃO Em fevereiro, a Câmara dos Deputados aprovou a o texto-base do Projeto de Lei 6299/02 sobre o processo de registros de defensivos agrícolas, que aguarda o parecer do Senado. A ideia é dar agilidade e, em tese, acelerar a modernização do setor. Segundo Lohbauer, da CropLife Brasil, o registro de uma nova solução demora oito anos. “Nos países da OCDE são apenas três anos”, disse. A OCDE é a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e reúne 37 nações.
No PL6299, se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por avaliar e aprovar os produtos, não liberar o registro em até três anos, o fabricante poderá receber uma licença provisória, desde que o defensivo tenha sido aprovado para a mesma cultura em três dos países da OCDE. O que é agilidade para o agronegócio, para parte da sociedade civil é um perigo, tanto que batizou o projeto de “PL do Veneno”. O fato de o projeto tirar das mãos da Anvisa e do Ibama a avaliação e a classificação dos produtos e transferi-las ao Mapa dá margem ao questionamento.
Pode não ser fácil estabelecer uma comunicação mais clara entre os grupos direta e indiretamente envolvidos com essa questão, mas não buscar o entendimento pode deixar a conversa muito mais difícil. O desenvolvimento do agronegócio não pode ficar refém desse emaranhado.