30/08/2022 - 12:01
O apetite do Magazine Luiza, comandado por Frederico Trajano, pelo campo segue a todo vapor. Em sua mais recente empreitada para conquistar o produtor rural, o Consórcio Magalu se uniu a NFe AGRO para dar cashback em forma de crédito tributário em cada nota fiscal de compra de insumos ou equipamentos, ou sobre as notas fiscais emitidas, obedecendo as regras de cada estado. Com a parceria, será possível utilizar o valor do dinheiro devolvido para adquirir cotas do consórcio da empresa. O cálculo do cashback é sobre o ICMS recolhido ou pago na aquisição dos insumos e ativos.
DESENVOLVIMENTO
Disparidades regionais
Mesmo como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com valor bruto de produção (VBP) de R$ 1,2 trilhão e exportações que ultrapassaram os US$ 120 bilhões no ano passado, o agronegócio ainda enfrenta alguns bons desafios. Um deles é relacionado à performance por região do País. Conforme os dados ao lado, agregados de informações do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a região Nordeste é a que mais acumula estabelecimentos agropecuários com 46% dos 5 milhões já cadastrados, mas é a penúltima no ranking das que mais contribuem com o VBP nacional, com apenas 10%. De acordo com o relatório Terra, Poder e Desigualdade na América Latina, da Oxfam, confederação internacional que luta contra a pobreza e a desigualdade, a explicação está no modelo produtivo da região que privilegia a concentração de terras sob domínio de grandes empresas. Pelo relatório, no Brasil, 45% da área rural está nas mãos de menos de 1% das propriedades. A região Centro-Oeste com a maior área agricultável, 32% do total, é também a que gera mais riqueza (30%) e a que menos tem estabelecimentos agropecuários (7%).
TREINAMENTO
Reforço no Combate a incêndios
Com a chegada do inverno, chegam também a seca e o aumento da ocorrência de incêndios no Centro-Oeste. Com o objetivo de uma atuação mais eficaz — ainda estão frescas na memória as imagens do Pantanal ardendo em fogo em 2020 — o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso em parceria com a Aprosoja (MT) reuniu 100 pilotos de aeronaves agrícolas de diversos estados para um treinamento de combate a incêndios em áreas rurais. Esse é o terceiro encontro realizado com objetivo de integrar setor público e privado na distribuição destes esforços.
INVESTIMENTO
Unigel cresce em nitrogenados
Bahia e Sergipe serão os destinos de R$ 600 milhões que a Unigel, empresa de fertilizantes nitrogenados, investirá no País. Cerca de R$ 500 milhões, captados em sua primeira operação no mercado de capitais, serão aplicados na construção de uma fábrica de ácido sulfúrico com capacidade de produção de 450 mil toneladas por ano na Bahia. O restante será aplicado para a produção de até 320 mil toneladas de sulfato de amônio na unidade sergipana. “A autoprodução de ácido sulfúrico fará com que a Unigel deixe de importar a matéria-prima, aumentando a competitividade das nossas operações”, disse Roberto Noronha, CEO da empresa.
FINANÇAS
Recursos do mercado de capitais
A ACP Bioenergia finalizou com sucesso a terceira emissão de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) de sua história. O volume total de R$ 150 milhões e prazo de cinco anos foi integralmente distribuído ao mercado e será utilizado para amparar o crescimento orgânico da ACP na produção de cana-de-açúcar e grãos. “Capturamos um valor de grande representatividade e que mostra a total credibilidade do mercado em nossa empresa”, disse Alexandre Candido, CEO da ACP. A primeira emissão foi de R$ 40,7 milhões (2013) e a segunda, R$ 68 milhões (2021).
PAPO DO CAMPO
Saint’ Clair Lima, diretor de Seguros Auto e Ramos Elementares do Bradesco Seguro, falou à coluna sobre a importância do seguro para máquinas e equipamentos
PERFIL DO SEGURADO
“Temos a impressão que quando se fala em seguro de equipamentos agrícolas o grande consumidor são pessoas jurídicas. Mas não. Quase 70% dos nossos financiamentos são para pessoas físicas e raríssimos são os casos de inadimplência. Queremos aumentar a participação em PJs.”
IMPORTÂNCIA
“Quando o produtor tem problema com equipamento ele corre dois riscos: a perda da receita porque fica sem ter como trabalhar na lavoura e com limitação para obtenção de crédito, porque fica devedor do financiamento do equipamento sinistrado.”
CARTEIRA
“Hoje, de nossa carteira de seguro de equipamentos, 65% é do rural com concentração no Norte, Centro-Oeste e Sul. Nesse primeiro trimestre crescemos 30% e até o fim do ano devemos alcançar entre 35% e 40%. Para os próximos dois, três anos queremos duplicar a nossa carteira.”
CONSCIENTIZAÇÃO
“A taxa de seguro varia de 1,2% a 2% do equipamento e ainda assim o produtor brasileiro não entende a importância do seguro. Um bem segurado pode garantir a continuidade do negócio em caso de algo imprevisto.”
MERCADO
São Paulo mira na fruticultura
Maior produtor de laranja e limão do Brasil com participação no mercado nacional de 77,54% e 70,6%, respectivamente, São Paulo quer aumentar sua relevância no setor de fruticultura. Em relatório recém-divulgado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), a informação é de que a produção paulista alcançou 18,11 milhões de toneladas (34,76% da produção nacional), mais do que o triplo do segundo colocado, a Bahia. O negócio é bom para o bolso: o valor bruto da produção (VBP) paulista no segmento de fruticultura é superior a US$ 13 bilhões.
INTERNACIONALIZAÇÃO
Leite vegetal brasileiro nos EUA
Uma empresa brasileira está ousando entrar no mercado americano de leites vegetais. É a Positive Brands, dona da marca A Tal da Castanha, que chega ao mercado americano como a PlantCo. “Decidimos exportar o nosso portfólio de produtos para lá por ser o maior e mais consolidado na categoria”, disse o sócio-fundador da empresa, Felipe Carvalho (à dir.). Segundo a Plant Based Foods Association, o mercado estadunidense de bebidas lácteas plant based cresceu 33%nos últimos três anos chegando a US$ 2,6 bilhões. O plano ainda inclui avançar em direção à Austrália e ao Chile.
AGENDA
Sinais dos tempos
A cerimônia de abertura do 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio, em 1º de agosto, mostra que a Faria Lima e o campo estão cada vez mais próximos: a solenidade será conduzida por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), e Gilson Finkelsztain, CEO da B3. Em formato híbrido, o evento terá como tema central Integrar para Fortalecer. Inscrições no site do Congresso.
M&A
Surge uma nova gigante de lácteos
A Betânia Lácteos, a Embaré Indústrias Alimentícias e o fundo de private equity Arlon Latam uniram suas operações para criar a quinta maior indústria de laticínios do Brasil. Sob o comando do CEO Bruno Girão, a nova empresa, batizada de Alvoar Lácteos, terá faturamento de R$ 4 bilhões, capacidade de processamento de 4,8 milhões de litros de leite por dia e mais de 4 mil colaboradores diretos. As linhas de produtos Betânia, Camponesa e Caramelos Embaré serão mantidas, assim como suas respectivas estratégias de comercialização.
POLÍTICA
Arroz brasileiro contra a inflação mexicana
Com o objetivo de controlar uma inflação recorde nos últimos 21 anos — pouco mais de 7% na base anual — o governo mexicano recorreu ao Brasil. Mas a estratégia não envolveu o Ministério da Economia, e sim o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Isso porque o país de Andrés Obrador confirmou a importação de 30 mil toneladas de arroz brasileiro em casca. Ano passado já havia sido 25 mil toneladas em uma tentativa de baixar o índice que vem sendo impulsionado pelo preço dos alimentos.
RECONHECIMENTO
Mulheres do Agro
No ano passado Márcia Kafensztok, que comanda a Primar Aquacultura, primeira fazenda de aquicultura orgânica certificada do Brasil, venceu a categoria Pequena Propriedade do prêmio Mulheres do Agro. Agora, a Bayer e a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) já estão recebendo as inscrições para a edição deste ano. E tem uma novidade: além da autoinscrição há um espaço para que terceiros indiquem mulheres que prezam pela inovação e sustentabilidade em sua gestão. Inscrições até 19 de agosto.
TRIBUTOS
Ração indigesta
Já faz um ano que os segmentos de bovinos, bubalinos e pescados tentam se livrar da alíquota de 9,25% de PIS/PASEP e COFINS sobre a ração animal, benefício que já favorece os setores de aves e suínos. Em agosto do ano passado, o projeto que propõe a suspensão da taxa foi aprovado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Mas o projeto parou por aí… para frustração dos criadores.