08/10/2022 - 12:10
A dimensão do avanço científico contido em uma semente de qualquer commodity agrícola é inversamente proporcional a seu tamanho. Diferentemente do que acontece com o maquinário agrícola, quando se olha para um pequeno grão de soja ou milho não se tem ideia de quanta tecnologia existe ali. No entanto, se o melhoramento genético não está visível na semente, aparece em cada etapa da safra, do cultivo à colheita, expresso em produtividade. Foi assim que há 21 anos um grupo de produtores de Mato Grosso se juntou a pesquisadores para fundar a TMG – Tropical Melhoramento & Genética, empresa que desenvolve soluções para lavouras de soja, milho e algodão.
De maneira simplificada, o que a empresa faz é juntar o germoplasma das plantas, sua capacidade de desenvolver pesquisas e a biotecnologia de empresas parceiras, como Bayer, Corteva, Syngenta, entre outras, para desenvolver novas e melhores variedades. Na prática, a história é bem mais complexa. São inúmeros procedimentos e análises que acontecem do início ao final desse proceso na sede da empresa, localizada em Cambé (PR). Para se ter ideia, por ano o laboratório de biotecnologia da TMG, tem capacidade de receber 2 milhões de amostras de material genético e realizar 40 milhões de análises, com tecnolgia de PCR e sequenciamento de DNA. Essas informações abastecem as demais etapas.
A resistência das plantas às doenças mais importantes é uma das prioridades dessas pesquisas. Por isso a empresa tem um banco de patógenos para criar situações desafiadoras e colocar a genética à prova. Além dessa pressão, nas casas de vegetação é possível simular qualquer ambiente e situação que as plantas encontrarão no campo. Ou seja, esses experimentos filtram qual é a variedade mais apropriada para cada região do País. É para ter essa assertividade que 70% dos colaboradores da TMG trabalham em P&D, setor que vai receber investimentos de R$ 2 bilhões nos próximos dez anos. “Os laboratórios são fundamentais para ganharmos tempo e otimizarmos os investimentos”, afirmou o presidente da companhia, Francisco Soares.
Entre os ganhos desse desenvolvimento está a redução de tempo do ciclo produtivo, o que gera mais eficiência nas lavouras e mais rentabilidade para o agricultor. Por outro lado, o período em que cada variedade dura no mercado também ficou menor. “Há duas décadas, esse prazo ficava em torno de dez anos, agora são seis ou sete anos”, disse Soares. O problema é que é exatamente esse o tempo que a TMG leva para colocar uma nova variedade à disposição do produtor. Para a conta fechar, a empresa tem de manter a constância dos lançamentos. “Não há intervalos”, disse o gerente de Pesquisa da empresa, Anderson Meda. “Além disso, podemos desenvolver soluções para novas áreas onde, por exemplo, não há tradição no cultivo de soja, mas existe o interesse.” O melhoramento genético ajuda a resolver os problemas do campo e os próprios desafios.
O material desenvolvido em Cambé é multiplicado e testado nas outras unidades da TMG em Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul, estados relevantes na produção agrícola do País e a venda das sementes é feita por 100 multiplicadores licenciados pela empresa.