O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 27, achar o governo muito ruim de comunicação e que lamenta desde o início o afastamento entre a atual administração e a imprensa.

A afirmação do ministro foi em resposta a questionamento do Broadcast, , sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado,sobre se não achava que parte das notícias que ele classifica como fake news na imprensa tradicional não seria em decorrência de o governo ser ruim de comunicação e de conversas entre autoridades e jornalistas terem se tornado raros na atual gestão.

“Acho o governo muito ruim de comunicação. Você sabe? Eu lamentei desde o início esse afastamento e acho que seria muito bom se tivesse todo mundo mais próximo. Se nós tivéssemos uma comunicação melhor e vocês mais dispostos a ouvir também”, disse o ministro em tom de desabafo.

Guedes vem, há quase duas semanas, tentando desmentir matérias jornalísticas dando conta de estudos internos, no Ministério da Economia, com objetivo de retirar a inflação como indexador dos reajustes do salário mínimo e de exclusão das deduções de despesas com educação e saúde das declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Nestas tentativas, o ministro tem batido forte na imprensa, acusando-a de publicar “rabiscos” de alguém de dentro do Ministério, mas que não têm a sua assinatura. Entre outras coisas, ele tem se queixado dos jornais publicarem o que ele chama de vazamentos feitos por “petistas infiltrados” sem se darem ao trabalho de ligar para ele para checar a veracidade dos documentos.

As reclamações seguiram hoje à tarde durante reunião do ministro com empresários do setor varejista na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

“Eu acho que a gente sente no governo como se estivéssemos falando esperanto – porque não somos bons de comunicação – com um surdo. Ou seja, com um cara que não quer ouvir mesmo. Esperanto então não tem chance, porque ele não quer ouvir mesmo, porque ele é surdo. Isso é ruim, eu não gosto disso. Isso é ruim pra todo mundo, é ruim para a democracia”, disse Guedes.

Sobre o presidente Jair Bolsonaro preferir falar com apoiadores nos “cercadinhos” a dar entrevistas a jornalistas, Guedes alegou achar se tratar de uma autoalimentação “porque às vezes você fala e quando vai ler no dia seguinte não é aquilo que você falou”.

“Tiram uma foto torta pra você ficar mal. Por uma foto já dá pra saber se um jornal gosta de A ou de B. Pela capa do jornal você já sabe tudo. Não precisa nem ler o editorial. Então a imprensa tem essa capacidade de comunicação de imagens”, atacou Guedes, completando que “quando a pessoa se sente perseguida ou mal tratada, devolve”.

Broadcast.