Ser a mais verde entre as mais verdes. Esse é o desafio que a Bracell, líder global na produção de celulose solúvel e integrante do grupo RGE, se impôs no Brasil. E está conseguindo. A empresa começou a operar no País em 2003 quando se instalou na Bahia. Mas foi somente em 2018, ao iniciar sua expansão para São Paulo, que o grande marco rumo ao objetivo aconteceu. Naquele ano, a operação brasileira foi autorizada a comprar uma pequena fábrica com capacidade de 250 mil toneladas de celulose na cidade de Lençóis Paulista (SP). Parecia um movimento tímido. O que ninguém esperava, porém, é que aquele fosse o início de um projeto de R$ 15 bilhões para construção da maior e mais sustentável fábrica de celulose do mundo. Nascia o Projeto Star.

ESTRUTURA SUSTENTÁVEL Unidade da Bracell tem ganhos ambientais em geração de energia, tratamento de efluentes e logística (Crédito:Divulgação)

Fruto do maior investimento privado no estado nos últimos 20 anos, a unidade foi desenhada sob forte governança ambiental baseada na filosofia de trabalho dos 5Cs. “Nossas decisões têm que ser boas para o País (Country), para a Comunidade, Clima e Clientes, pois só assim será bom para a Companhia”, disse à RURAL, o vice-presidente de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa Marcio Nappo. Nas operações, a filosofia se concretiza em inovações em todas as etapas da cadeia de valor.

Um dos grandes destaques é o modelo de produção otimizado com a criação do sistema flex. A planta tem capacidade para produzir até 3 milhões de toneladas de celulose kraft por ano, com a flexibilidade de mudar a produção para celulose solúvel. Com o primeiro tipo, atende ao crescente mercado de embalagens, que só no ano passado alcançou o valor bruto da produção de R$111 bilhões, 31% a mais do que em 2020. Com o segundo, o mercado de moda com a produção da viscose. Esse segmento vem enxergando na indústria de celulose uma ótima fonte de matéria-prima e a explicação, para o diretor Florestal da Bracell, Mauro Quirino, passa pela sustentabilidade. “A celulose vai ser o caminho para descarbonizarmos a moda.” Segundo o executivo, grande parte dos tecidos ou é de poliéster, que tem origem no petróleo, ou de algodão que tem capacidade limitada e que disputa terra com produção de alimentos. Problemas que a viscose não tem.

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BOAS PRÁTICAS Mas ser verde by design é sobretudo repensar processos. Foi o que o time fez. A começar por ser uma unidade Fossil Free. Ao optarem por montar na planta um gaseificador de biomassa, a empresa conseguiu gerar 409 MW de energia, o que a tornou não só autossuficiente como a permitiu produzir até 180MW a mais. Pelo fato de a unidade ser ligada na rede, disse Quirino, esse excedente abastece o grid nacional. “É energia suficiente para atender cerca de 3 milhões de pessoas, o equivalente à cidade de Brasília, capital do País.”

“A celulose vai ser o caminho para descarbo-nizarmos
a moda” Mauro Quirino Bracell (Crédito:Divulgação)

Outros dois pontos, destaca o vice-presidente de Sustentabilidade Marcio Nappo, estão relacionados à responsabilidade ambiental na ponta final. O primeiro no tratamento de efluentes. Em uma iniciativa inédita no Brasil, a empresa adotou processo de tratamento de água em três fases. A primeira remove as fibras, a segunda trata a matéria orgânica e a terceira filtra o efluente que, em seguida, é devolvido ao Rio Tietê. “Fomos além da legislação, que só exige duas fases”, afirmou. A outra iniciativa, está na logística.

Atualmente, a maior parte da celulose produzida em Lençóis Paulista é exportada. Dali ao Porto de Santos são mais de 360 Km. Caso o transporte fosse por caminhões, o inventário de emissões seria elevado. Foi então que a Bracell decidiu construir o Terminal Intermodal em Pederneiras (SP) em parceria com a MRS Logística. Isso permitiu o uso de veículos em apenas um trecho de 40 Km – da fábrica ao terminal. Ali a celulose é colocada no trem e segue ao porto. Segundo Nappo, “foi possível evitar o trânsito de 150 caminhões nas estradas”. Agora, já está em curso projeto para substituir os caminhões adiesel que fazem o primeiro trecho por elétricos.