23/01/2023 - 18:40
Em tupi-Guarani, Paracuru significa lagarto do mar. O nome, no entanto, diz pouco sobre essa cidade cearense que, a 92,1 quilômetros de distância de Fortaleza, esconde belas praias rodeadas de dunas. E é ali, naquele pedacinho do Brasil que a Naturayo tem se consagrado como uma das mais promissoras exportadoras de plantas ornamentais do Brasil. Com 100 mil vasos de espécies como lança espécies como lança e espada de São Jorge, abacaxi ornamental e cactos sem espinhos produzidos por mês, 50% são destinados ao mercado externo. Assim, favorece um negócio que, somado ao embarque de flores, contribui com mais US$ 23 milhões para a balança comercial brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura, o Ibraflor.
No comando das operações está Thomas Reeves, um jovem empreendedor de 34 anos que cursou Comércio Exterior na Universidade de Fortaleza. Sua empreitada na empresa começou em 2011, quando a família decidiu atender o pedido do seu tio Estevam Emygdio de assumir o negócio que ele tinha de exportação de flores e plantas ornamentais. “Os negócios estavam indo bem, mas veio a crise econômica de 2008 e ele teve dificuldades de prosseguir com o projeto”, afirmou Reeves. Assim nasceu a Naturayo, nome criado a partir da junção de natureza com Ayo, expressão indígena de múltiplos significados como vida, energia e felicidade.
Uma das primeiras medidas da nova gestão foi fazer uma reestruturação administrativa e expandir mercado. Assim, Reeves voltou os olhos para os consumidores brasileiros. A estratégia escolhida foi fechar uma parceria com a Veiling Holambra, cooperativa que reúne 400 produtores de todas as regiões vendendo suas mercadorias por meio de leilão eletrônico, intermediação de produtos e canais de venda on-line. Deu certo e aos poucos cerca de 50% do que a empresa produzia já era destinado a decorar casas e estabelecimentos dentro das fronteiras. “Com o sistema de leilão reverso da Veiling conseguimos acessar importantes redes varejistas como Grupo Pão de Açúcar e Leroy Merlin, o que impulsionou nosso crescimento”, afirmou o empreendedor.
No mercado internacional, as vendas também foram retomadas. A parcela de 50% da produção exportada vai para países como Holanda e Estados Unidos que lideram o ranking de importações de flores e plantas ornamentais do Brasil. Para esses mercados, o carro-chefe da empresa é o mandacaru sem espinhos, um cacto típico da região que sofreu uma anomalia genética que tornaram os espinhos recessivos, ou seja, eles existem, mas ficam na parte interna da planta. “Lá fora esses nossos produtos são conhecidos como Cuddle Cactus, ou cactos do abraço”, disse Reeves. “Como não machucam, são mais fáceis de vender”. Por questões legislativas, uma curiosidade é que as plantas são embarcadas em contêineres ou aviões sem substratos, sendo plantadas e comercializadas no mercado americano por marcas locais.
Atualmente o mandacaru sem espinhos representa de 30% a 40% da produção, que é bastante flexível para atender a demanda que cresceu de maneira excepcional durante a pandemia. O crescimento chegou a 50% durante os dois anos de pico da crise sanitária. “Com o isolamento social, as pessoas passaram a sentir falta da natureza e como não podiam sair, a trouxeram para dentro de casa”. Neste ano, a expectativa ainda é de expansão, mas com um ritmo menos acelerado ficando entre 25% e 30%.
Para o futuro, Thomas Reeves já traçou suas rotas. Em uma frente, quer ampliar ainda mais as exportações com a conquista de novos mercados. Na outra, aumentar os investimentos em marketing para educar o consumidor brasileiro sobre as plantas da caatinga tornando a marca mais conhecida. Os recursos para isso devem vir da própria empresa, além de programas de financiamentos oficiais junto ao BNDES, linhas que já utilizam normalmente. Tudo isso por um propósito que impulsiona o empreendedor. “Queremos levar a beleza da nossa região para o mundo.”