02/02/2024 - 11:30
São Paulo, 2 – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 800 milhões à Cooperativa Agrícola Sul Mato-Grossense (Copasul) para a construção de uma nova unidade de processamento de soja em Naviraí (MS). Em outra iniciativa, o banco de fomento planeja aportar até R$ 175 milhões em um novo fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), em parceria com a AGI Brasil, empresa que atua na fabricação de equipamentos para armazenagem de granéis, e com a gestora de recursos Opea Capital.
As duas ações representam novos investimentos de cerca de R$ 1,6 bilhão que contribuem para ampliar a capacidade de armazenagem de grãos no país, dos quais quase R$ 1 bilhão financiado pelo BNDES, disse o banco em nota enviada à imprensa,
A nova unidade industrial da Copasul, que representa investimento total de R$ 1,4 bilhão, terá capacidade de processar até 988 mil toneladas de soja ao ano, contemplando também a construção de um complexo para recebimento, armazenagem e expedição de grãos. O projeto permite que a cooperativa agregue valor à sua produção, por meio do esmagamento da soja, já que cada tonelada processada tem valor entre 30% e 35% superior à tonelada do grão in natura. Apenas em 2023, a Copasul movimentou mais de 1,2 milhão de toneladas de soja, com forte impacto econômico em Mato Grosso do Sul.
“O apoio à cooperativa está alinhado à estratégia de ampliar os investimentos em armazenagem nas diversas regiões do País, além de contribuir para fortalecer a competitividade do complexo agroindustrial brasileiro”, disse o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon.
O financiamento é o primeiro contratado pelo BNDES diretamente com a Copasul e foi viabilizado com uma combinação de vários instrumentos. A maior parte do valor é financiada com recursos do próprio banco, pela linha BNDES Finem. O restante é complementado por programas agrícolas do Plano Safra – neste caso, o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) e o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop).
Já o FIDC lançado em parceria com a AGI tem perspectiva de financiar até R$ 250 milhões ao longo de dois anos, para a compra de equipamentos de manuseio e armazenagem de grãos, atendendo principalmente ao segmento de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Deste total, R$ 175 milhões serão viabilizados com o apoio do BNDES, por meio da subscrição de cotas do fundo.
A diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, explicou, na nota, que “o FIDC busca fortalecer as operações da AGI no Brasil, disponibilizando crédito com condições atrativas para que seus clientes, principalmente produtores rurais, cooperativas agroindustriais e cerealistas de pequeno e médio porte, possam realizar investimentos em projetos de armazenagem agrícola”.
O FIDC oferecerá condições mais vantajosas para regiões em que há maior déficit de armazenagem, podendo chegar a taxa equivalente a CDI mais 1,51% ao ano. O fundo prevê também que pelo menos 60% do valor investido em direitos creditórios seja associado ao segmento de MPMEs.
Em 2023, o BNDES mais que triplicou o número de operações para financiar novas estruturas de armazenagem de grãos no País. Ao longo do ano, o banco aprovou 13 financiamentos para várias cooperativas e empresas do agronegócio, totalizando R$ 241,5 milhões. Já por meio de suas operações indiretas, realizadas pela rede de agentes financeiros credenciados, o BNDES emprestou cerca de R$ 1,7 bilhão no âmbito do Plano Safra 2023/24 em programas com foco em armazenagem, como o PCA. O banco aportou cerca de 30% dos recursos repassados pelo PCA na atual safra.