Pior do que a dor de ver a produção perdida por conta de uma chuva mais forte ou de uma estiagem mais prolongada é saber que esse prejuízo poderia ter sido evitado, ou no mínimo minimizado. Em muitos casos isso é possível por meio de mecanismos de seguro rural, que vêm sendo ampliados no País, abrindo a possibilidade de proteger os investimentos feitos na lavoura. De acordo com a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, em 2007, o valor total dos prêmios pagos pelas seguradoras somou R$ 452 milhões e a área segurada no País foi de 2,276 milhões de hectares, crescimento de 45,88% em relação a 2006. No primeiro semestre de 2008, foram emitidos R$ 229 milhões em prêmios pagos.

Segundo o presidente da Comissão de Seguros Agrícolas da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Vany Cury, um dos aspectos que tornam o seguro rural mais atraente é o aumento na subvenção paga pelo governo federal e, no caso de São Paulo e Minas Gerais, também pelos governos estaduais. “O governo paga ao produtor rural parte do prêmio do seguro, numa porcentagem que varia entre 30% e 60%, dependendo da cultura. Isso diminui o custo do seguro para o produtor”, diz. Ele cita o exemplo de uma lavoura em que o valor segurado seja de R$ 100 mil.

 

Nesse caso, o produtor teria que pagar uma taxa de 6% do valor, R$ 6 mil. Com a subvenção, o governo federal paga 50% desse total, e no caso de São Paulo e Minas Gerais o governo estadual paga mais 50% do valor restante. “Nesse exemplo, o preço de seguro para o produtor cairia de R$ 6 mil para R$ 1,5 mil.”No Brasil o seguro agrícola protege as lavouras quanto a problemas climáticos que causem perda na produção. O mecanismo é oferecido por seis empresas – Porto Seguro, Allianz, SBR, Mapfre, Nobre e Aliança do Brasil – e abrange cerca de 45 culturas. As apólices podem ser feitas para proteção de toda a lavoura ou parte dela e o valor do prêmio é calculado com base no valor de custeio do plantio: o produtor protege o valor investido para produzir.

Segundo Cury, que também é diretor da Aliança do Brasil, empresa de seguros especializada em grãos e que detém cerca de 82% desse mercado, o custo do seguro para o produtor vai depender das condições da sua lavoura. “O valor varia de acordo com cultura, variabilidade climática, nível de aplicação de tecnologia do produtor, etc”, explica. No caso da soja, em São Paulo, o prêmio médio pago é de R$ 57 por hectare e o custo médio para o produtor é estimado em R$ 14 por hectare. “Valores acima da média nacional – no geral, o valor do prêmio pago é de R$ 43 por hectare e o custo é de R$ 21 por hectare.”

Segundo Adilson Néri Pereira, diretor da Porto Seguro, empresa que estreou no início do ano seu modelo de seguro rural, destinado à produção de frutas no Estado de São Paulo, alguns cuidados devem ser tomados antes de assinar a apólice. “Seguir o zoneamento agrícola brasileiro é essencial.”