06/08/2020 - 7:20
O líder indígena e escritor Ailton Krenak afirmou ao Estadão anteontem, antes do fim do julgamento, que a ação no STF é uma “virada de página na história dos direitos indígenas”.
Quais suas impressões sobre a ação debatida no Supremo?
Pela primeira vez uma iniciativa indígena, com um advogado indígena (Eloy Terena), tem uma ação admitida no Supremo. É uma virada de página do ponto de vista da história jurídica, com relação aos direitos indígenas e ao direito dos indígenas se representarem, e não serem representados pela Funai ou qualquer outra agência do Estado.
O ministro Barroso declarou que a inação do governo federal sobre os povos indígenas é “inaceitável”. O senhor concorda?
Não tenha dúvida. Nós temos um elenco de autoridades de Estado propagando ódio e ameaças contra o povo indígena. O presidente, ministros e militares propagam isso. Não precisa ser juiz ou ministro para saber que estamos diante de um crime, que pode ser considerado como etnocídio.
Qual o cenário hoje da pandemia nas aldeias indígenas?
Eloy Terena disse muito bem que, nesse caso, a vida e o território constituem uma unidade. Não tem como dividir uma coisa da outra. O que enfrentamos é uma associação de invasão territorial, contágio e ameaça constante à vida. Diante da omissão do Estado e das negativas da Funai, as comunidades convocaram a necessidade de fazer barreiras, mas não houve nenhuma cooperação dos governos estaduais nem federais. Com isso, as comunidades indígenas tomaram iniciativas próprias.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.