09/10/2013 - 17:17
Entre 28 de agosto e 2 de setembro, o presidente mundial da AGCO, Martin Richenhagen, esteve no Brasil para participar da mais antiga exposição agropecuária do País, a Expointer, em Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre. Foi a primeira vez que Richenhagen colocou os pés na feira, mas conhecer as cidades gaúchas faz parte de sua agenda profissional, na visita constante a clientes e fazendas que utilizam as marcas da AGCO, entre elas Challenger, Fendt, Massey Ferguson, Valtra e Santal, para as máquinas agrícolas, e GSI, de tecnologias para armazenagem de grãos e produção de equipamentos. A previsão para 2013 é faturar U$ 11 bilhões no mundo.
Mesmo em tempo de crise, os Estados Unidos permanecem como o mais importante mercado para máquinas agrícolas no mundo?
?Em algumas áreas, os Estados Unidos continuam muito bem, principalmente em relação à soja e ao milho, culturas altamente competitivas. Para a nossa indústria, o país é o maior mercado mundial, com uma demanda de cerca de 25 tratores por mil hectares, oito vezes superior à da Rússia.
Para o mercado brasileiro, como o sr. vê a recente valorização do dólar frente ao real?
?Acho que é um reflexo das incertezas dos investidores em relação ao País e também de outros fatores como a agitação social, o aumento de salários, os impostos altos e o risco de inflação. Por outro lado, o real mais fraco torna as exportações do Brasil muito atraentes, o que é bom para os nossos clientes.
E a China?
A China é um dos maiores mercados do mundo para pequenas e médias tecnologias. O progresso econômico daquele país tem impulsionado a mecanização das fazendas. Em 2012, mais de 300 mil tratores na faixa de 30 a 50 cavalos de potência foram vendidos na China, a maior parte deles produzida em nossa fábrica local. As vendas totais desse tipo de equipamento de menor porte dobraram em relação a 2004, mas as de tratores de alta potência ainda são relativamente pequenas. Por isso, a AGCO está investindo US$ 350 milhões em novas fábricas, no país.
A China é a bola da vez na produção agrícola?
?A China é importante, mas faz parte de um bloco de mercados em desenvolvimento, como a África e o Leste Europeu, que precisam se concentrar no aprimoramento de sua indústria agrícola. Eles precisam investir em mecanização para serem mais produtivos.
Mas dá para comparar a África com a China e o Leste Europeu?
?A África é um continente de mais de 50 países diferentes, muitos dos quais têm potencial significativo de crescimento no setor agrícola. No continente há um bilhão de habitantes, o equivalente a 20% da população mundial, que dependem de apenas 11% das terras aráveis do mundo. Nós investimos nesse mercado há mais de 50 anos e, mesmo assim, somente 80% das áreas agricultáveis são cultivadas.
E em relação ao Leste Europeu?
É um mercado com potencial de crescimento significativo. Há uma imensa quantidade de terras agrícolas na Rússia, na Ucrânia e no Cazaquistão sendo cultivadas com máquinas ineficientes. Esses três países têm terra arável equivalente à dos Estados Unidos. No entanto, os investimentos agrícolas caíram muito nos últimos 15 anos e as colheitas da região sofreram significativamente. Agora, a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio poderia ajudar a estabilizar essa economia e atrair mais investimento estrangeiro, um fator positivo para nosso setor.
Qual é a melhor solução para a grande escala na produção de alimento, considerando-se a curta vida de tratores e máquinas: manutenção ou troca?
?É uma pergunta típica para todos os investimentos de capital, em qualquer indústria. A fórmula é simples: é preciso considerar o preço da máquina, incluindo combustível, peças, serviço e valor residual. Quando o custo de manutenção começa a ficar maior que o valor residual da máquina, é hora de trocá-la. Os cálculos dessa conta são fáceis de fazer. Hoje, o ciclo mais rápido de inovação nas lavouras justifica o investimento em equipamentos mais modernos .
O que é melhor: financiar máquinas ou pagá-las à vista?
?Há financiamentos muito atraentes, do ponto de vista do custo final do produto. Mas hoje, com o agronegócio em alta, alguns agricultores que possuem fluxo de caixa forte estão reinvestindo os lucros em suas próprias operações. Isso, de fato, tem se tornado mais frequente.
Como o sr. vê o futuro da automação de máquinas agrícolas?
?Nossa visão é a de fornecer “soluções de alta tecnologia para os agricultores profissionais que alimentam o mundo”, que inclui um forte foco em agricultura de precisão. No futuro, a tendência será de controle total do das máquinas no campo.
É possível comparar a automação agrícola com a de automóveis?
?A automação de máquinas agrícolas é muito mais avançada do que nos carros. Dois anos atrás, ganhamos um prêmio importante na Alemanha com um trator sem motorista. A agricultura de precisão, assim como a convencional, também precisa baixar custos, com menos mão de obra e maior produção por área.