No primeiro dia de comércio não essencial fechado e outras restrições com o objetivo de combater a pandemia de covid-19 no feriadão anticovid, o Rio teve ruas e praias bem mais vazias do que o usual. As medidas, que começaram a valer nesta sexta-feira, 26, e vão até 4 de abril incluem o fechamento de escolas, bares e restaurantes. A cidade tem hoje mais de 600 pessoas internadas em leitos de UTI e registra tendência de alta no contágio.

As praias, já sob restrições desde o fim de semana passado, tiveram pouco movimento ao longo do dia, apesar do calor e do céu azul que marcam a cidade nos últimos dias. Nelas, permitem-se apenas exercícios individuais e banho de mar; ninguém não pode permanecer na faixa de areia. Com exceção de alguns pontos, como o Posto 6 de Copacabana, na zona sul, poucas pessoas descumpriram o decreto.

Na mesma orla de Copacabana, contudo, um grupo de dezenas de pessoas – com aglomeração – fez um protesto contra as medidas restritivas. Quase todos sem máscara e vestidos de verde e amarelo, gritaram bordões como “quero trabalhar” e “Dudu covarde”, em referência ao prefeito Eduardo Paes (DEM).

Mais cedo, o prefeito fez um apelo à população para que cumpra as regras. “A partir de hoje, a gente cria as condições para um grupo grande de pessoas se preservar. Esse grupo grande, se conseguir, com as condições que tem, respeitar as regras, vai ajudar aqueles que muitas vezes não têm condições, porque moram numa casa cheia de gente ou porque não tem como se manter isolado em casa”, disse Paes.

O Centro da cidade, que já registrava pouca movimentação e muitas lojas fechadas por causa da pandemia, esteve quase deserto hoje. De ruas tradicionais de comércio a grandes avenidas, como a Presidente Vargas, a circulação foi bem aquém do padrão. Pontos turísticos, como o Cristo Redentor, também passaram o dia fechados.

As poucas pessoas que estiveram nas ruas da cidade ou nas praias pareceram obedecer às normas dos decretos do Estado e da prefeitura. O professor Thaciano de Abreu, de 61 anos, por exemplo, não deixou de dar sua caminhada na orla. Mas, ao contrário do habitual, dispensou o mergulho e a permanência na areia.

“Costumo sempre fazer minha atividade física, minha caminhada, e aproveitar a praia. Mas, neste momento, faço apenas o que foi determinado, que é continuar cuidando da saúde, mas sem parar na praia, porque temos de respeitar esse momento tão difícil”, disse.

Variante

O Rio se preocupa especialmente pela variante P1 do vírus da covid-19. De disseminação mais rápida, essa nova cepa do coronavírus corresponderia a cerca de 83% do aumento dos casos na cidade, provocando o aumento no número de internações.

“Tínhamos mais ou menos trinta, quarenta solicitações de internação por dia e o número passou para mais de 150, chegando a dois dias de 170 admissões diárias. Cresceu muito e de maneira muito rápida, como aconteceu em São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul”, observou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

Outra proibição imposta no decreto é a entrada de ônibus turísticos. Equipes do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro) estiveram, ao longo do dia, nos acessos à capital e aos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio das Ostras. Até o meio da tarde, 189 veículos foram vistoriados, e 31 não puderam entrar nas cidades.

Diversos municípios que tradicionalmente recebem turistas, especialmente os da Região dos Lagos, impuseram restrições, como o fechamento das praias. Também há barreiras para fiscalizar o acesso de veículos. Esses bloqueios chegaram a gerar engarrafamentos – menos por causa do número de carros e mais por causa das paradas para checagem.