04/02/2019 - 12:53
A cada safra o produtor rural vive um novo desafio. Por mais que haja planejamento, investimento em tecnologia, gestão eficiente, o produtor lida, diariamente, com uma série de expectativa, pressão, incerteza, insegurança. Seja por causa da instabilidade climática, da variação de mercado, e tantos outros fatores, uma safra nunca é igual a outra.
Nesta safra a situação se tornou ainda mais difícil. Em meio ao plantio e, mais recentemente, à colheita, enfrentamos uma batalha, mas em outro campo: o político. Começamos em outubro de 2018, logo após as eleições, a árdua tarefa de tentar mostrar ao então governador eleito, o empresário da indústria Mauro Mendes, os impactos negativos para a produção agropecuária e, consequentemente, para a economia mato-grossense, caso houvesse alteração nas alíquotas do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab).
A preocupação maior era que não se tratava apenas de cobrar mais dos produtores, mas sim de diminuir sua capacidade de investimento e, logo, reduzir significativamente a movimentação financeira em setores importantes da economia como o diesel, máquinas, e demais insumos que geram ICMS para o Estado de Mato Grosso. Porém, no início de janeiro, o já governador empossado Mauro Mendes e sua equipe econômica relutavam em enxergar isso.
Após inúmeras reuniões, audiências, debates, logo no início deste ano sofremos o duro golpe com a aprovação, pela Assembleia Legislativa, e a publicação da lei nº 10.818, de 28 de janeiro de 2019. Se o produtor mato-grossense já padecia com uma política tributária fora da realidade – se comparada a de outros estados produtores -, a nova lei veio para nos fazer repensar até mesmo os rumos da produção agrícola do estado.
Reduzir área plantada? Desistir de algumas culturas como o milho? Não sabemos ao certo ainda, mas a movimentação já começou. Porém, quando falamos em repensar a produção agrícola nos referimos também a forma como temos nos posicionado perante à sociedade, à classe política e até aos próprios produtores. Enquanto entidade de classe do setor, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) tem trazido este debate à tona.
Há 14 anos, que serão completados neste dia 4 de fevereiro, a entidade, que hoje congrega 5.500 associados – sendo a maior do Brasil – não se furta ao debate, ao embate e à discussão sobre os caminhos que o setor responsável pela produção de alimentos deve tomar. Foi o que fizemos agora, fizemos em outras situações e faremos quantas vezes forem necessárias.
Criada em fevereiro de 2005, desde então a Aprosoja busca, de forma coerente, representar os direitos, interesses e deveres dos produtores de soja e milho. E vamos além, promovendo ações de interesse coletivo, como os vários projetos nas áreas social, de sustentabilidade, de defesa e política agrícola.
Neste aniversário de 14 anos da Aprosoja, talvez o que mais temos a comemorar é justamente a capacidade do produtor rural de se reinventar. Vamos seguir fazendo o que melhor fazemos: cultivar a semente que se tornará alimento na mesa de bilhões.
Mas, além de estarmos junto com o produtor nestes 14 anos, queremos cada vez mais estar junto à sociedade conscientes de que cada um tem seu papel. Seguindo assim, produzir se tornará um ofício muito mais valoroso e motivo de orgulho não apenas para o nosso estado, mas para o nosso país. Que venham muitos outros anos de associativismo e união.