14/09/2022 - 22:05
A campanha do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) viu com surpresa, mas ainda sem motivo para alerta, o crescimento de 12 pontos porcentuais de Jerônimo Rodrigues (PT) na pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, 14, sobre a disputa pelo governo da Bahia.
O petista saiu de 16% para 28% em relação ao levantamento anterior, do fim de agosto, enquanto ACM recuou cinco pontos, chegando a 49%. Apesar da análise de que Jerônimo chegou a um patamar maior do que o captado por pesquisas internas feitas pela equipe, fontes da campanha disseram ao Broadcast Político que o grupo mantém a aposta de que o ex-prefeito deve liquidar a eleição em primeiro turno.
A avaliação é de que ACM mantém liderança folgada e teria uma “gordura para queimar” em relação à perda de votos porque tem situação eleitoral confortável. Outro ponto apontado como positivo pela campanha é o fato de o ex-prefeito ter crescido sete pontos porcentuais no voto espontâneo, chegando a 34%. “Esse porcentual tem certeza de voto nele”, analisa uma fonte. Jerônimo, por outro lado, subiu 11 pontos e bateu os 18%.
O crescimento do petista já era esperado pelo grupo de Neto, afirma o presidente do União Brasil na Bahia, deputado federal Paulo Azi. “Nós recebemos esse resultado com absoluta tranquilidade. Imaginávamos que ele iria crescer. É o candidato do governo, com a máquina trabalhando pesado, o governador prometendo céus e terra”, afirmou.
A estagnação do ex-ministro da Cidadania João Roma (PL) nas pesquisas também é vista como fator que pode ajudar a definir a disputa em primeiro turno, avalia Azi. Segundo o Datafolha, o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 7%. Na pesquisa anterior, tinha 8%. A campanha acredita que Jerônimo precisa tirar parcela considerável dos votos de ACM e torcer pelo crescimento do bolsonarista para levar a corrida ao segundo turno, o que considera improvável.
Na cúpula petista, no entanto, o resultado foi recebido com entusiasmo. O partido aposta na repetição de um fenômeno ocorrido em 2006 e 2014. Naquelas eleições, Jaques Wagner e Rui Costa largaram em desvantagem considerável, mas venceram em primeiro turno após viradas históricas às vésperas da eleição. “As pesquisas na Bahia, tal qual aconteceu em 2006 e 2014, passam a captar somente na reta final uma realidade que a gente vê nas ruas de todas as cidades todo santo dia: vai dar PT, com Lula presidente e Jerônimo governador. Essa é a percepção de quem está conversando, dialogando e ouvindo o povo. Jerônimo disparou e será eleito governador”, afirmou Éden Valadares, presidente do PT na Bahia.
Na reta final da campanha, o partido deve colar ainda mais a imagem de Jerônimo à de Lula, estratégia considerada responsável pelo crescimento do petista nas pesquisas. “Nós temos lado, projeto e estamos ao lado de Lula para superar a fome, o desemprego, a inflação e as questões sociais. Nem prefeito, nem governador, sozinho, isolado, resolve as principais questões do povo.”