Quando o telefone celular e a internet não chegam até as fazendas, o uso do rádio é a saída mais prática e barata para otimizar a comunicação

 

No interior do Tocantins, o produtor Sérgio Bueno planta soja e milho em 40 mil hectares. Tudo seria muito bom, não fosse a dificuldade em se comunicar com os funcionários, já que os serviços de telefonia não funcionavam. “Isso atrasava o nosso trabalho. Se um caminhão quebrava, demorava horas até sabermos”, relembra. Hoje, se um veículo ficar na estrada, imediatamente ele é informado. Isso graças à internet e os 15 rádios que disponibilizou na fazenda e cuja manutenção custa R$ 5 mil ao ano.

O exemplo de Bueno é um entre os inúmeros produtores pelo Brasil. De olho nesse mercado, empresas já oferecem alternativas para tornar a comunicação nas fazendas mais eficaz. A Motorola oferece banda larga, com opções cujo alcance chega a 100 quilômetros. “Se um veículo quebra, o funcionário envia a sua localização a outro rádio, celular ou computador”, explica Joeval Martins, gerente de canais da Motorola do Brasil. Um pacote com abrangência de 80 quilômetros custa em média US$ 4,5 mil. “É um bom investimento se você calcular a agilidade que ele trará ao dia a dia”, defende. Bueno concorda. Ele não sabe quantificar o quanto economizou desde que implantou as ferramentas, mas sabe o que significa uma máquina parada em período de colheita. “É prejuízo na certa.”

Quem também vê no agronegócio um filão do mercado é a CPM Braxis. Segundo Gustavo Trevisan, diretor da área de networking services, o agronegócio responde por 5,5% do faturamento da empresa anualmente. “Esse número deve crescer rapidamente, frente às necessidades de tecnologia para a comunicação nas fazendas.” A empresa conta com plataforma de telefonia móvel e fixa, por wi-fi. O custo de instalação é de cerca de R$ 1.500, e mensalidade de R$ 500, com horas ilimitadas de uso.

Apesar das vantagens, os custos dessas tecnologias no Brasil ainda são salgados, como explica Rafael Guimarães, diretor de marketing da norte-americana Hughes. “Custam até dez vezes mais no campo do que na cidade.” E conclui: “É preciso investir em infraestrutura para atender melhor esse setor.”